Segundo disse ao POSTAL Teresa Fernandes, coordenadora nacional da Comissão Especializada de Comunicação e Educação Ambiental da APDA e responsável da Área de Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve, a iniciativa pretende motivar “amudança consciente de comportamentos sobre o uso correto e eficiente deste bem”.
Teresa Fernandes afirma que a consciência sobre o uso correto e eficiente da água por parte dos algarvios tem gradualmente vindo a aumentar e para isso muito tem contribuído o investimento contínuo da Águas do Algarve na Educação Ambiental.
No que respeita às reservas de água na região, os algarvios podem “respirar de alívio”, pois as chuvas dos últimos meses permitiriam um aumento significativo deste bem precioso, no entanto, esta responsável alerta que “otempo não é de desperdício mas sim de uso eficiente”.
P – Como surge a iniciativa H2Off?
R – O clima do planeta está a mudar, com impactos nos sistemas naturais e humanos. São os casos, por exemplo, das alterações dos valores médios de temperatura e de precipitação. Mas não ficamos por aqui. Temos de dar um passo em frente, deixar de tapar o sol com a peneira, porque como sabemos opior cego é aquele que não quer ver. As alterações climáticas são uma realidade, e constituem-se como um desafio que todos temos de enfrentar, de forma estruturada, é certo, se quisermos prevenir os seus efeitos. É uma responsabilidade de todos e de cada um.
A água doce é um bem por demais precioso, não podendo ser desvalorizado pelos utilizadores, levando ao desperdício. Infelizmente, este é um cenário que vemos com frequência, não apenas no consumo humano, mas em praticamente todas as utilizações que são dadas à água. Usar a água com inteligência e responsabilidade é uma necessidade imperativa, para a garantia de um futuro sustentável. É precisamente neste ponto que surge este movimento, intitulado H2OFF, que assinalando as celebrações alusivas ao Dia Mundial da Água, pretende motivar amudança consciente de comportamentos sobre o uso correto e eficiente deste bem.
H2Off é o nome deste movimento de reflexão através de uma ação mediática em todo o país, que emite um apelo generalizado de fecho das torneiras durante uma hora, uma hora sem consumir água enquanto ato deliberado e consciente. É este o desafio que é lançado a todos e cada um. Dia 22, às 22 horas (https://www.h2off-apda.com/).
P – Que mensagem espera que os “embaixadores” passem na promoção da iniciativa H2Off?
R – Com este movimento pretendemos marcar a agenda do Dia Mundial da água, transportando e partilhando uma mensagem que leve ao despertar de consciências, certos de que estaremos contribuindo para um futuro sustentável para nós humanos, enquanto espécie, e para todos os ecossistemas terrestres.
Os nossos embaixadores são personalidades que dentro das suas atividades se têm vindo a destacar, quer a nível nacional quer internacional, e através da sua conduta e forma de estar partilham dos mesmos valores deste movimento H2Off. Nesta perspectiva são um suporte importantíssimo na dinamização deste projeto, cujo objetivo será o de alcançarmos o maior número possível de pessoas. A todos, deixo também o meu agradecimento público.
Não posso deixar de partilhar, e enquanto coordenadora da Comissão Especializada de Comunicação e Educação Ambiental da APDA, o orgulho pelos resultados que estamos já a alcançar, com a movimentação de pessoas e entidades de todos o país, que estão a aderir ao H2Off, manifestando de alguma forma, as preocupações que existem em torno deste tema, e a vontade de mudar procedimentos e atitudes.
“A região poderá ‘respirar de alívio’ nos próximos tempos”
P – Com o passar dos anos, há maior consciencialização sobre o uso correto e eficiente da água por parte dos algarvios?
R – Não tenho quaisquer dúvidas de que essa consciência tem gradualmente vindo a aumentar. Para isso muito tem contribuído o investimento contínuo da Águas do Algarve na Educação Ambiental (EA) na nossa região que, como como costumo dizer, faz parte do ADN da empresa, desde a sua génese, e que tem vindo gradualmente a evoluir, num percurso que já soma 20 anos.
A EA é para nós uma área da mais elevada responsabilidade, que passa por todos os setores da empresa, e em todas as atividades que desenvolvemos. O estilo, dito moderno, de vida atual é baseado num consumo desenfreado e inconsequente, levando paulatinamente a um esgotamento dos recursos naturais. Enquanto empresa ligada ao ambiente, temos consciência daquele que pode e deve ser o nosso contributo também na formação de consumidores mais conscientes, melhor informados e mais ativos na consolidação das melhores práticas ambientais. A nível nacional, todo o universo do Grupo Águas de Portugal tem vindo a investir nesta matéria, existindo desta forma uma evolução positiva em todo o território nacional.
P – Os atuais níveis de água das barragens do Algarve são inferiores ao desejado?
R – As chuvas que se verificaram nos últimos meses permitiram um aumento significativo nas reservas de água para abastecimento público, naquelas que são as principais origens/albufeiras da nossa região.
Trata-se de uma situação que nos dá uma maior tranquilidade relativamente ao abastecimento público, de todos os 16 municípios da região, não apenas com uma água de elevada qualidade, mas também nas quantidades necessárias para atender os vários fins a que se destina. Se considerarmos que o consumo humano anual é de aproximadamente 73 hm3, a região poderá “respirar de alívio” nos próximos tempos.
Numa análise simplicista, dos valores atuais com os do mesmo período do ano anterior, essa subida é muito interessante. Os volumes de água superficial, volume útil, acumulados nesta data na região algarvia são os seguintes: Barragem de Odelouca: 90,48 hm3; Barragem de Odeleite: 71,86 hm3; Barragem do Beliche: 25,46 hm3
Para além destas albufeiras que são as principais origens do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve, poderemos ainda considerar a água existente nas albufeiras da Bravura e do Funcho, para além das reservas existentes nos aquíferos da região.
Gostaria contudo de alertar para o passado recente que vivemos, de seca, que muita preocupação nos trouxe. De acordo com os especialistas, os períodos de seca, muito devido às alterações climáticas, serão cada vez frequentes. Não sabemos quando virá o próximo. Não nos podemos esquecer disto. O tempo não é de desperdício mas sim de uso eficiente. Deveremos todos ter consciência da importância e do valor da água, e consequentemente da necessidade de uma utilização regrada deste bem que nos é disponibilizado nas nossas torneiras e que não é inesgotável.
“Águas do Algarve mantém uma atitude preventiva e de investimento em todo o sistema multimunicipal de abastecimento de água e saneamento”
P – Quais os concelhos do Algarve que poderão vir a estar mais afetados em caso de escassez de água?
R – O Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve, da responsabilidade da Águas do Algarve, é um sistema resiliente, o qual está preparado para fazer face a esse tipo de situações de seca, parcelares I.e. através de um sistema de Estações Elevatórias reversíveis, localizadas no concelho de Loulé, é possível passar água de Sotavento para Barlavento, e de Barlavento para Sotavento, em caso de necessidade, pelo que essa questão não se coloca.
P – Caso falte água no Algarve, o que está definido no plano de emergência?
R – Atualmente, os cenários de escassez hídrica no país e na região são situações que têm estado em “discussão”, tendo no curto prazo passado, resultado da elaboração do “Plano de Eficiência Hídrica para o Algarve”, que contou com a colaboração ativa da Águas do Algarve e de todos os setores da região, e que têm como principal objetivo dar resposta ao problema estrutural das secas hidrológicas.
Gostaria de realçar que a Águas do Algarve tem vindo ao longo dos anos a manter uma atitude preventiva e de investimento em todo o sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Algarve, destacando o investimento recentemente efetuado, no Reforço da Capacidade de Tratamento da ETA de Alcantarilha, e em curso o Reforço das captações de água subterrânea, reforço das Transferências de Água Tratada entre os Subsistemas através das Estações Elevatórias Reversíveis, o contínuo desenvolvimento de campanhas de comunicação/sensibilização junto dos vários atores utilizadores deste recurso, e a contínua manutenção do investimento no combate às perdas, que na Águas do Algarve se situam na ordem de 1%, entre outros.
A Águas do Algarve tem vindo a desenvolver um conjunto de estratégias de gestão integrada de recursos, que constituem instrumentos essenciais para mitigar riscos e enfrentar novas situações de seca, onde se inclui a colaboração no Plano Estratégico para a Gestão de Recursos Hídricos em Cenários de Seca,permitindo-nos a implementação de um conjunto de soluções de origens de água, tratamento e adução, que conferem atualmente ao Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve uma maior resiliência e garantia de eficácia no abastecimento público de água à região do Algarve.