Em entrevista ao POSTAL, Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da empresa Águas do Algarve, avança com alguns pontos determinantes sobre a entidade. Na entrevista foram abordadas temáticas relativas às ações desenvolvidas pela empresa no que respeita à área do ambiente.
Quais as ações ambientais que a empresa “Águas do Algarve” tem desenvolvido?
Desde sempre que as questões ambientais estão presentes na estratégia de desenvolvimento da Águas do Algarve, como aliás, já tenho referido fazem parte do ADN da empresa. Cada vez mais, e tendo-se presente os recentes dados mundiais relativos às previsões e respetivas consequências resultantes das alterações climáticas, todas as ações que possam ser promovidas junto da população no desenvolvimento da necessária consciência ecológica, proteção e valorização do ambiente são muito bem-vindas.
A água é um recurso fundamental de suporte à vida (verdade de La Palice) e um bem cada vez mais escasso, que urge preservar. Alertar a população, através da realização de diferentes ações, para a hipótese de escassez muito antes da água faltar nas torneiras, é essencial. A futilidade e insignificância com que a população gere a sua água é de uma tremenda falta de sensatez e respeito para com o Planeta e para a sobrevivência do próprio ser humano. Até quando vamos fingir não ver o que se passa à nossa volta?
Se pudermos, através das nossas ações, contribuir para “abrir os olhos” para as atitudes diárias ligadas à temática da água e do ambiente na generalidade, é para nós motivo de satisfação e acima de tudo, motivo para continuarmos a investir nestas matérias que não devem deixar ninguém de fora. Ninguém!!!!!
Nesta matéria são muito diversificadas as ações que são dinamizadas pela Águas do Algarve e muitas destas também com parceiros, as quais são diferenciadas por targets e promovidas ao longo de todo o ano. Destas ações gostaria, contudo, de destacar a Campanha Nacional “Por um Pingo de Consciência”, que teve início em 2018 e que vai continuar em 2019. Esta campanha visa sensibilizar para a utilização eficiente da água, consciencializando para o valor da água e para a importância de abandonar hábitos de desperdício. Note-se que esta campanha decorre das conclusões do Estudo Nacional sobre as Atitudes e Comportamentos dos Portugueses face à água, o que por si só é reveladora de alguns preciosismos que nos permitiram identificar os focos das sensibilidades da população nesta matéria, ajustando a campanha às necessidades do consumidor real. Trata-se de uma ação conjunta com todas as empresas do Grupo Águas de Portugal. Teremos muitas novidades em breve.
Todas as nossas iniciativas têm destaque quer nas redes sociais quer no próprio site da empresa www.aguasdoalgarve.pt
Qual é a importância do ambiente nas ações que a “Águas do Algarve” desenvolve?
A Águas do Algarve, associada à sua principal atividade (abastecimento de água para consumo humano e tratamento das águas residuais urbanas), assume um forte compromisso com o desenvolvimento sustentável. A preservação do ambiente está incorporada em todas as atividades e ações que a empresa opera na região, havendo, inclusivamente, um contínuo investimento no desenvolvimento de projetos inovadores, em parceria com entidades várias, como seja a Universidade do Algarve, o LNEC, Agência Portuguesa do Ambiente, entre outras nacionais e internacionais.
Importa referenciar o esforço contínuo que é efetuado também na vertente da comunicação e sensibilização dos consumidores para as questões associadas ao desenvolvimento sustentável e consequente consciência ecológica, bem como para a importância da contribuição quer da empresa quer de todos para a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade na nossa região.
A Associação Portuguesa de Distribuidores de Água (APDA) é uma associação de referência ligado ao setor da água e do ambiente. A Teresa é atualmente coordenadora nacional do Grupo de Trabalho de Comunicação e Educação Ambiental. Qual é a importância deste grupo e de que forma está a ser desenvolvido?
Assinalo que foi com muita honra e orgulho que assumi esta enorme responsabilidade, que desempenho com a maior motivação. A temática do ambiente e das preocupações que assolam cada vez mais a realidade dos nossos dias são para mim, pessoalmente, muito caras. Talvez por esse motivo a dedicação e compromisso que empresto a estes assuntos é com total responsabilidade alargada a todo o grupo de trabalho. Não apenas no horário de trabalho, mas 24 horas sobre 24 horas. As alterações climáticas não tiram férias.
Nos últimos anos, o sector da água tem vindo a impor-se através do desenvolvimento de iniciativas, planos de comunicação e de educação ambiental em defesa deste recurso escasso e essencial à vida. A criação deste grupo de trabalho reflete o objetivo de realizar um trabalho em equipa e de forma participativa, por parte de um significativo grupo de profissionais e técnicos do setor, oriundos de todo o país, que utilizam as ferramentas da comunicação e da educação ambiental como instrumentos para o diálogo permanente com as populações em torno da temática ambiental e em particular do recurso água. O trabalho em desenvolvimento tem como base a partilha de conhecimentos obtidos através da experiência profissional de todos os seus membros nas vertentes da Comunicação e Educação Ambiental, entre os associados da APDA e profissionais do setor. Esta partilha far-se-á sobretudo através da realização de diferentes ações, i.e. papers, organização de seminários, workshops, colóquios, promoção a visitas de estudo identificadas com esta temática, ou outras atividades similares que se considerem pertinentes naquele que é o âmbito de atuação do grupo e a sua contribuição para o desenvolvimento das comunidades e dos territórios.
Os recursos naturais são esgotáveis e até mesmo finitos quando usados de forma inconsciente!
Relativamente à água, quais são as disponibilidades hídricas da região?
A empresa assegura o fornecimento de água em alta aos 16 municípios do Algarve, fornecendo uma média aproximada de 70 milhões de m3 de água/ ano. As principais origens de abastecimento são as Barragens de Odelouca, Odeleite e Beliche, e algumas captações subterrâneas situadas em Vale da Vila e Benaciate. A gestão e controlo que são efetuados às disponibilidades hídricas são muito rigorosos. Isto permite-nos avançar com a informação de que, e apesar das atuais reservas não serem as que desejamos, considerando a fraca ou quase inexistente pluviosidade que se tem feito sentir, o abastecimento de água em quantidade e qualidade continua a efetuar-se sem necessidade de qualquer alarmismo. A empresa disponibiliza os dados relativos às reservas de água no site, que pode ser consultado em www.aguasdoalgarve.pt
Numa altura em que se fala bastante sobre a seca, quais os conselhos que a empresa “Águas do Algarve” dá à população de forma a poupar água e rentabilizar este recurso?
Os recursos naturais são esgotáveis e até mesmo finitos quando usados de uma forma inconsciente! Não é apenas em situação de seca que devemos adotar atitudes conscientes de poupança. Para evitar o desperdício e a diminuição do consumo de água e, consequentemente a fatura, é algo que todos podemos fazer. Apenas precisamos de adotar novos comportamentos, pequenos gestos, que podem ser muito simples, mas que farão toda a diferença. O essencial é que estes, a pouco e pouco, se transformem em hábitos diários, saudáveis e de poupança. Para além de poupar na fatura, estará a proteger um dos bens mais preciosos do planeta e que está a escassear a olhos vistos. Não está a usar? Então … feche a torneira!!!!!
Quais são as suas aspirações para o futuro?
Estou consciente de que o futuro não vai ser fácil, colocando-se grandes desafios à comunicação e educação ambiental. As aspirações que tenho no futuro prendem-se com esta necessidade urgente de acelerar o processo de transformação comportamental relativamente ao ambiente e à sustentabilidade.
Estamos perante uma realidade com rápidas mutações… Estamos a usar de forma insustentável os recursos naturais como se estes fossem infinitos, estamos perante um consumismo exacerbado pela evolução massiva da tecnologia. Todos os dias somos assombrados com receio do que nos reserva o futuro a ver pelas atuais catástrofes naturais a aumentar (veja-se o atual caso do ciclone em Moçambique), as alterações climáticas apresentam-se com cenários preocupantes, dos quais a nossa geração não tem memória…! É necessária uma “revolução” na cadeia de valores. Sabendo que é o cidadão quem toma as decisões finais, é fundamental a definição de uma estratégia ao mais alto nível da tomada de decisão, em que as pessoas se possam identificar com essa mesma estratégia como sendo boas e positivas para elas próprias, para a sua região e para o ambiente. Para isso a existência de mais investigação nestas matérias e desenvolvimento do conhecimento para ficar disponível à população, com implementação de uma estratégia coletiva que implica a mobilização de todos, é essencial!
Todavia, não nos podemos esquecer, da necessidade de se criarem os necessários mecanismos financeiros e de recursos humanos nas empresas para responder aos desafios que se colocam. Como diz o povo “sem ovos não se fazem omoletes”.
Existe algum projeto que queira revelar?
Temos alguns projetos em desenvolvimento, que serão apresentados muito em breve.
(AC/CM)