Cerca de 500 jovens agricultores instalaram-se no sector agrícola no quadro passado de projectos PRODER e “metade desses jovens apresentou projectos relacionados com a agricultura tradicional”, refere ao POSTAL Fernando Severino, director regional da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve).
Licenciados em Agronomia, Engenharia Biomédica, Farmacêutica, Engenharia Mecânica e muitos outros cursos nas mais diversas áreas, os novos agricultores interessam-se em ressuscitar os velhos sabores da agricultura regional, completando a cultura tradicional com as novas tecnologias.
“Interessam-se pela alfarrobeira, pela medronheira, pelo figo fresco e pelo próprio pêro de Monchique. Demonstram muito interesse em todas as variedades que temos aqui”, refere Fernando Severino. Os citrinos continuam a ser uma das fortes apostas destes jovens agricultores que, no entanto, começam também a interessar-se pelos frutos vermelhos, os frutos tropicais, os diospiros ou até mesmo pelo mel.
O director regional da DRAP Algarve considera muito importante este interesse por parte dos jovens, pois estes “têm uma formação superior àquela que tinham os agricultores tradicionais e por isso vêm certamente enriquecer o sector agrícola”. Uma opinião partilhada por Florentino Valente, engenheiro da DRAP Algarve, que considera “a juventude como o futuro da humanidade e por isso é muito importante que os jovens dêem continuidade ao sector, demonstrando sempre amor e carinho pelos produtos da terra e por aquilo que os nossos antepassados nos deixaram”.
Jovem agricultor de Tavira foi condecorado em 2015 pelo Presidente da República com a Ordem de Mérito Empresarial Agrícola
Luís Sabbo, jovem agricultor de 33 anos e co-proprietário da Luís Sabbo – Frutas do Algarve, decidiu apostar no sector para dar continuidade ao negócio da família e, aos 31 anos, já foi condecorado pelo Presidente da República com a Ordem de Mérito Empresarial Agrícola. Na agricultura, encanta-o sobretudo “a liberdade, o contacto com a natureza e o facto de não ser uma actividade monótona”.
No que respeita às novas tecnologias, o jovem agricultor garante ao POSTAL que tenta inovar sempre que é possível e o seu espírito empreendedor levou-o a fazer crescer uma das maiores produções de dióspiro em Portugal e a inovar não só nas técnicas de produção como também na diversidade. No caso da romã, por exemplo, foi pioneiro a nível europeu relativamente à variedade produzida e às novas técnicas pós-colheita.
Luís Sabbo acredita no desenvolvimento do sector agrícola no Algarve mas refere ao POSTAL que esse desenvolvimento “depende muito da vontade de trabalhar de cada pessoa que está na agricultura”.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)