Desconhecimento, dúvidas e críticas à falta de informação foram as principais preocupações manifestadas ontem no debate que a Plataforma Algarve Livre de Petróleo promoveu na Fuseta, concelho de Olhão, sobre os contratos de prospecção e exploração já assinados.
A Plataforma Algarve Livre de Petróleo juntou cerca de meia centena de pessoas na biblioteca da Fuseta e a maioria dos participantes disseram que a principal motivação para participarem no debate foi a falta de informação que tinham sobre a matéria e as preocupações que a exploração de hidrocarbonetos levanta em termos ambientais para uma região com o Turismo e a Pesca como principais actividades económicas.
“O que me fez vir cá foi querer saber o que está a acontecer, o que é que está a ser feito? Fala-se da exploração de petróleo, mas nós não sabemos nada do que está ser feito e vim cá para ver se percebia isso”, afirmou Joaquim Zica, um dos participantes que falou à Lusa.
A mesma fonte criticou que os contratos com os consócios tenham sido celebrados por “baixo do pano” e “não sejam conhecidas quaisquer contrapartidas para a região”, manifestando o seu “receio” por “os riscos o ambiente e para o turismo e a pesca poderem ser muito elevados”.
“Nem sabia que havia contratos assinados para zonas em terra”, afirmou ainda Luís Casimiro, depois de criticar eventuais consequências de um derrame numa das concessões feitas no mar para as praias e para a fauna marítima que sustenta a pesca.
Falta de esclarecimento público pelas entidades oficiais motiva críticas
A manifestar as suas preocupações esteve também um alemão que reside no Algarve, mas que preferiu não ser identificado para a notícia da Lusa, e que alertou para a existência ao largo do Algarve de placas tectónicas, “causadoras de uma grande probabilidade de actividade sísmica”, o que “aumenta muito o risco” de uma eventual exploração de gás natural ou petróleo.
Antes do período de debate, a PALP fez uma exposição dos riscos que a actividade de prospecção e exploração de hidrocarbonetos, com críticas à falta de esclarecimento público por parte das entidades oficiais ou à falta de estudos de impacte ambiental na fase de prospecção, e os passos que a Plataforma tem dado para tentar travar a prospecção e exploração de petróleo, como uma petição com 7.500 assinaturas apresentada na Assembleia da República.
Rosa Guedes, dirigente da PALP, disse que não faz sentido a maioria dos países desenvolvidos estar a lutar contra as emissões de carbono para a atmosfera e o Estado português estar a apostar em combustíveis fósseis responsáveis pelo efeito de estufa.
Mas esta visão também contou com posições contra, como a de Joaquim Dias de Sousa, que disse ter trabalhado em plataformas petrolíferas no golfo Pérsico e no Gabão e não ter assistido a nenhum dos riscos identificados pela PALP.
“Não vi poluição nenhuma, fui à praia e não vi nada deste papão que vossas hoje aqui falaram. Espero que haja petróleo e que possam fazer exploração. Estão a meter o papão na cabeça das pessoas, mas o Estado vai enriquecer com os royalties dos barris e o Algarve vai também pedir a sua compensação”, disse esta voz dissonante no debate.
(Agência Lusa)