Nas duas últimas semanas, não foram registados óbitos por covid-19 de utentes ou residentes de Estruturas Residenciais Para Idosos. Desde o dia 8 de abril até domingo registou-se uma morte por covid-19 nestas estruturas, na região Centro, adiantou a Direção-Geral de Saúde. No domingo, em todo o país, não se registou nenhuma vítima mortal por infeção de SARS-CoV-2. Especialistas apontam a vacinação como o principal motivo para a diminuição dos óbitos.
“O que estamos a ver é o efeito de uma cobertura vacinal muito elevada da população acima de 80 anos, onde se concentravam 95% dos óbitos devido à covid-19”, comentou o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19.
No início de abril, segundo o jornal “Público”, 44% dos idosos acima de 80 anos já tinham recebido as duas doses da vacina contra a covid-19 e 85% tinham recebido pelo menos uma. “Ainda há pouco tempo se verificava que os lares de idosos tinham um terço das mortes devido à covid-19. Como foram os utentes dos lares e os profissionais de saúde os primeiros a serem vacinados, verificou-se logo uma queda abrupta das mortes, deixamos de ter todas essas mortes nos lares”, explica o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa, Miguel Prudêncio. “É isto que justifica este número de hoje.”
“Não podemos esquecer-nos que temos ainda muita população vulnerável, acima dos 60 anos, com co-morbilidades, que tem de ser vacinada. Enquanto estas pessoas não estiverem protegidas não é hora de relaxar, devemos perceber que as vacinas são o caminho a seguir, e devemos estar disponíveis para as tomar quando for a nossa vez”, salientou.
Apesar de os casos de infeção estarem a diminuir na população com mais de 70 anos, as infeções têm aumentado nas camadas mais jovens (0-9 anos e 10-19 anos) e na faixa etária dos 60 aos 69 anos.
Segundo uma análise feita pelo jornal “i”, o maior aumento de infeções durante a semana de 19 a 25 de abril registou-se entre os 10 e 19 anos, com mais 59,8% de casos positivos, isto é, mais 585 casos.
Já o segundo maior aumento (18,1%) ocorreu nas idades dos 0-9 anos, com mais 260 casos. Na faixa etária dos 60-69 o aumento foi de 1,6%, isto é, mais 362 casos. As restantes idades verificaram uma diminuição no número de casos.
Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), explica que este aumento ainda não reflete a abertura do Ensino Secundário – esse impacto só poderá ser avaliado de aqui a uma semana.
“O que é expectável é começar a ver o impacto da abertura do Secundário e do Ensino Superior durante o início de maio e o aumento de casos pode estender-se à população em idade ativa. É um mês decisivo. A grande incógnita é perceber se o ritmo da vacinação compensa esta tendência de aumento de casos”, diz Manuel Carlos Gomes.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso