Na região do Algarve, até ao momento, o POSTAL detectou três casos de burla protagonizados por Rui Elvas, fundador e presidente da Associação Portuguesa de Cães de Assistência (APCA), sitos em Faro, Lagoa e Portimão.
A nossa investigação jornalística contactou Élia Lourenço, residente em Faro, mãe de Inês, uma menina de sete anos com dificuldades no desenvolvimento psico-motor, que acreditou na esperança dada pelo rosto humano da APCA.
Ao contrário dos outros cães, Harper já tinha um ano quando lhe foi vendido. Segundo Rui Elvas, era mais velho visto ter carecido de um treino intenso e específico, adequado às necessidades profundas da Inês.
Apesar da dificuldade em angariar os sete mil euros, Élia acreditava na promessa da significativa melhoria da qualidade de vida da sua filha. Sucede que rapidamente o sonho tornou-se num pesadelo, ao perceber que para além de não revelar qualquer treino, comportava-se de forma agressiva, tendo chegado a atacar e a ameaçar a integridade física de Inês.
Em desespero, Élia contacta Rui Elvas, que foi buscar o cão, tendo-o devolvido um mês mais tarde. Os alegados treinos também nunca chegaram a realizar-se. Apesar de não conseguir contactar nem com a APCA nem com Rui Elvas há algum tempo, Élia só se apercebeu que tinha sido vítima do crime de burla ao ver a reportagem emitida pelo programa “Sexta às 9”, da RTP, no passado dia 7 de Setembro, no qual foi exibido o seu cão, na casa de outra família, seus anteriores donos, pais de uma criança invisual, que procederam à anulação do negócio e consequente devolução do animal que lhes foi vendido como cão-guia, após terem-se apercebido de toda a ilegalidade em que Rui Elvas se encontrava envolvido.
Para além das mais de 50 famílias que foram vítimas da actividade criminosa levada a cabo por Rui Elvas, enquanto legal representante da APCA, também enganou vários promissores treinadores, a maioria jovens, aos quais vendeu uma formação de treino de cães de assistência (no valor médio de quatro mil euros) e a simultânea ilusão da promessa de emprego na APCA, nunca tendo no entanto leccionado qualquer aula, nem reembolsado parcial ou totalmente quem quer que fosse.
Indiferente aos danos que provocou, até há pouco tempo atrás, Rui Elvas fez questão de ostentar publicamente nas redes sociais (Facebook e Instagram) o seu elevado nível de vida, através de fotos de viagens e em luxuosos hotéis.
A reportagem do POSTAL também apurou que, apesar da continuidade da actividade criminosa e da existência de perigo de fuga para o estrangeiro, o caso já está em averiguação por parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Para além das várias denúncias já efectuadas ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, as famílias lesadas já constituíram advogada, a qual irá interpor de imediato o devido procedimento criminal.