Onze cidades do país vão acolher no domingo o Passeio da Memória, uma caminhada solidária promovida pela associação Alzheimer Portugal para alertar para uma doença que afecta mais de 182 mil portugueses.
A iniciativa, que assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de Setembro), realiza-se também em Pombal, no dia 21, e em Penafiel, no dia 25, disse à agência Lusa Tânia Nunes, coordenadora do Departamento de Relações Públicas da associação.
Os “grandes objectivos” da caminhada são “informar e consciencializar a população para a importância de reduzir o risco de vir a desenvolver demência”, através da adopção de um estilo de vida saudável, chamar a atenção para os sinais de alerta da doença e principais sintomas e para a importância de um diagnóstico atempado, explicou Tânia Neves
No fundo, sustentou, “queremos chamar a atenção para este problema que afecta em Portugal mais de 182 mil pessoas e que ainda não tem, infelizmente, respostas” e equipamentos adequados.
A Alzheimer Portugal tem um lar com capacidade para 36 pessoas, uma “gotinha no oceano” em que a associação procura dar “um exemplo daquilo que são boas práticas.
“A maior parte das pessoas com demência está em casa com os seus familiares ou em unidades em que os profissionais não sabem como cuidar deles”, disse Tânia Nunes, alertando para a necessidade de haver mais formação especializada para estes profissionais.
“Cuidar de uma pessoa com Alzheimer ou outra forma de demência não é igual a cuidar de um idoso que não tenha esta doença. É necessário todo um cuidado especial e terapêuticas especiais para estimulação cognitiva”, frisou.
Doentes precisam de apoio 24 horas por dia
Outro “grande problema”, apontou Tânia Nunes, é a sobrecarga dos cuidadores, que têm de cuidar de alguém que precisa de apoio 24 horas por dia, uma “situação muito desgastante” em termos físicos, emocionais e financeiros.
“As pessoas com demência vão perdendo as suas capacidades e vão progressivamente precisando de mais apoio, de uma supervisão e de um acompanhamento constante, porque chega a um ponto que perdem todas as capacidades”, sublinhou
Um dos trabalhos da Alzheimer Portugal é apoiar os cuidadores, dar-lhes formação e informação sobre as estratégias que existem para lidar melhor com determinadas situações.
“É uma situação muito complexa e nós não nascemos ensinados. Temos que aprender e ter alguém que nos apoie, porque nunca estamos preparados para ver aquela pessoa de quem gostamos tanto deixar de ser quem é, e a perder as suas capacidades”, sublinhou Tânia Nunes.
O Passeio da Memória, cujos fundos das inscrições revertem para a associação, chegou a Portugal em 2011 e decorreu apenas numa cidade (Oeiras). Desde então, há cada vez mais cidades a aderir à iniciativa
Este ano, vai decorrer em 13 cidades: Aveiro, Barreiro, Braga, Campo Maior, Fafe, Funchal, Matosinhos, Oeiras, Portimão, Viana do Castelo, Viseu, Pombal e Penafiel.
(Agência Lusa)