Aquando do surgimento da pandemia, em março, o Zoo de Lagos esteve em layoff – como tantas outras empresas – e encerrou portas, deixando de receber os curiosos visitantes. Durante esse período, em que poucos sabem o que aconteceu, os animais continuaram a precisar de alguém que os alimentasse e cuidasse deles.
O Zoo de Lagos esteve também na linha da frente – uma expressão que ganhou fôlego durante este ano – e as cerca de 150 espécies existentes continuaram a ser cuidadas como anteriormente, dando aos animais a sensação de que estava tudo bem mas sem tantos humanos (o que para alguns pode até ter sido bom).
Paulo Figueiras, fundador do espaço, explicou ao POSTAL que o staff foi reduzido na restauração, mas manteve-se o pessoal essencial. As medidas aplicadas foram o uso de máscara dentro do recinto do zoo, assim como a prática do distanciamento social e o uso de desinfetantes. Apenas no espaço exterior não era necessário utilizar máscara.
Neste período de incertezas, o responsável explica que “não podemos contar só com a semana que vem, temos de contar a longo prazo”. Deste modo, existia reserva de alimentos. “Não explorávamos muito essa parte” dos donativos, mas “uma senhora inglesa doou dois mil euros na fase em que o zoo esteve fechado. Como situação alternativa, Paulo Jorge Figueiras admite que se tentaram criar outras saídas, como apostar no cartão “Amigos do Zoo”, que pode ser adquirido por 45 euros, válido por um ano, e em que as pessoas podem visitar o espaço sem limite. Tentou também apostar-se no apadrinhamento de animais, mas “não foi nada de relevante a adesão”.
Questionado pelo apoio do público algarvio e sensibilização para com os animais, o responsável pelo Zoo de Lagos admite que tal não se verificou, uma situação que Paulo Figueiras considera “normal”, uma vez que “nem toda a gente está preocupada e entende-se”, confessa. “Somos uma empresa privada e temos de estar preparados para qualquer incidente que aconteça”, afirma.
“A minha maior preocupação foi entrarem ou não visitantes”, reconhece. Em relação ao número de visitas – já no verão – a época foi muito boa para o Zoo de Lagos e os números No Zoo de Lagos existem cerca de 500 espécies de animais até subiram, situação que agradou a Paulo Figueiras. Em agosto, “tivemos o melhor dia desde que abrimos o parque há 20 anos”. O responsável confessa que, por norma, o público era maioritariamente estrangeiro, mas este ano muitos portugueses vieram para o Algarve e o espaço acabou por ganhar novos clientes. “Foi uma carteira de clientes que conseguimos ganhar” e, de certa forma, uma valorização do que se “faz cá dentro”.
“Tivemos vendas online e explorámos mais o site, com descontos” de modo a “cativar mais gente”, frisa. Com o fim do verão, os números acabaram por cair e a situação das visitas das escolas é ainda incerta.
Por norma, o Zoo de Lagos costuma receber alunos, de modo a que tenham algum contacto com os animais, mas este ano, a pandemia veio complicar essa situação e Paulo Jorge Figueiras admite que não sabe como irá funcionar este ano. “Agora acaba por ser tudo uma incógnita” e “até à data não temos reservas de nada”. O responsável pelo zoo não acredita que as escolas “tenham vontade” de colocar os alunos fora das salas de aula, onde não estão 100% seguros.
“Tivemos o melhor dia desde que abrimos o parque há 20 anos”
No inverno, vão existir eventos no aeródromo de Portimão e o Zoo de Lagos fez uma oferta junto da Algarve Anima, para ofertas VIPS de famílias que queiram visitar o zoo, para este ganhar algum público. Em dezembro, vai existir a nova edição do “Natalândia”, que terá uma redução de 50% do valor dos bilhetes para o público algarvio, para estes “se habituarem a vir ao zoo”. É uma estratégia de valorização. Existirá ainda um projeto para construir uma savana africana, mas que está parada “até vermos o futuro”.
“Visite o zoo” é o desejo e a mensagem de Paulo Figueiras. Os animais continuam a precisar de ser alimentados e de cuidados médicos. Ir ao Zoo de Lagos é seguro e recomenda-se, mas este está de ‘boa saúde’.