Comunicar é uma necessidade e comunicar bem um cruzamento entre objectivos, técnicas e ferramentas e, em muitos casos, arte no sentido lato.
A comunicação aplicada às áreas da cultura e, em particular, do património exige na era tecnológica que vivemos capacidades técnicas e ferramentas tecnológicas que permitam fazer chegar os conteúdos aos públicos-alvo com eficiência e eficácia.
A comunicação na área da cultura no Algarve apresenta, ainda hoje e não obstante os investimentos e os esforços das entidades públicas, uma dispersão, uma falta de coesão e uma ausência de estratégia que prejudica sobremaneira a forma como, quer os algarvios, quer o imenso mercado do turismo, percepciona a região e a sua cultura, bem como, as manifestações culturais e o património regional.
Na área do património e, muito em particular, na área do património regional a cargo da Direcção Regional de Cultura do Algarve, a comunicação foi durante muito tempo – demasiado tempo – rudimentar e desajustada da realidade. Sobre este facto indesmentível o Cultura.Sul (Caderno Cultural mensal do POSTAL) publicou por diversas vezes peças que alertavam para a situação e confrontou os titulares da Direcção Regional de Cultura com a incapacidade comunicacional da direcção regional.
Dos responsáveis destaque-se a hombridade de reconhecerem as deficiências da estratégia e em particular dos meios com que a direcção regional se debatia para dar resposta a uma necessidade comunicacional que não se compadece actualmente com ferramentas e discursos desactualizados.
Alexandra Gonçalves, actual responsável pela pasta da Cultura no Algarve, identificada a dificuldade, fez um caminho no sentido de ultrapassar o problema da escassez e ineficiência da comunicação na área do património sob alçada da direcção regional.
A Alexandra Gonçalves coube dar resposta ao problema naquilo que concerne à página da Direcção Regional de Cultura do Algarve e à forma como este serviço público se relaciona com os seus públicos-alvo, nomeadamente através das redes sociais.
Nova página da DRCAlgarve surgiu na internet em Dezembro de 2014
Em Dezembro do ano passado surgia na internet a nova página da Direcção Regional de Cultura do Algarve que, modernizada, se apresentava aos internautas com um visual moderno e arrumado de acordo com o actual estado da arte na comunicação em plataforma web.
Ao invés do que anteriormente sucedia, digitar na barra de endereços de qualquer motor de busca www. cultalg.pt deixou de ser sinónimo de um anacronismo visual e comunicacional e de uma forma e substância de apresentação de conteúdos em tudo disfuncional e não amigável.
Hoje, o sítio on-line da direcção regional de cultura contém bastante informação útil, destaques relativamente àquilo que mais importa em cada momento, funcionalidade na abordagem de conteúdos e um acesso privilegiado – de novo o património – a uma subpágina dedicada aos sete monumentos cuja gestão cabe à Direcção Regional de Cultura do Algarve.
Assim, é hoje possível de forma rápida e eficaz conhecer mais em pormenor e à distância de um simples clique a Fortaleza de Sagres, os castelos de Paderne e Aljezur, as ruínas romanas da Villa da Abdicada e de Milreu, os Monumentos Megalíticos de Alcalar e a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe.
Conteúdos simples e de qualidade
Nem só de imagem e amigabilidade sobrevive a comunicação através da internet, as páginas on-line só vingam quando os conteúdos no seu todo, intercomunicabilidade e sustentabilidade, são capazes de garantir ao público-alvo uma resposta adequada às respectivas necessidades.
Nas várias subpáginas dedicadas aos vários monumentos, o sítio da Direcção Regional de Cultura do Algarve disponibiliza informação suficiente e atractiva para o utilizador, assegurando ao internauta links para informação mais detalhada, imagens, localização com mapas de fácil percepção, bem como dados históricos, plantas e em alguns casos áudio-guias e jogos didácticos cuja descarga permite aos utilizadores prepararem ou efectuarem visitas aos locais patrimoniais com acesso a informação qualificada e acessível.
Assim se transforma de forma notável a acessibilidade digital ao património cultural e desta forma se garante mais e melhor qualidade na apresentação da herança patrimonial algarvia, projectando para o futuro a oferta cultural e patrimonial da região.
Número de visitantes a subir
Ao Cultura.Sul a actual directora regional de Cultura destacou “a subida substancial do número de visitantes da página institucional da direcção regional e em particular das áreas dedicadas ao património sob sua responsabilidade”.
“Desenvolvemos uma nova estratégia de comunicação com o público exterior através de uma página on-line que apesar de institucional disponibiliza informação a pensar em quem quer conhecer o património do Algarve que gerimos”, refere Alexandra Gonçalves, que destaca que “fazemos hoje uma comunicação mais alargada em que o sítio da direcção regional se articula com as redes sociais e este posicionamento tem dado resultados positivos nas várias vertentes em que desejamos comunicar com quem acede às ferramentas que utilizamos”.
Balanço positivo
“Para nós o balanço é extremamente positivo, mas há sempre coisas a melhorar e para as quais estamos a criar condições de implementação”, diz a responsável, que não esperou por um consenso nacional sobre a modernização dos sítios on-line das direcções regionais de cultura e avançou com o trabalho no Algarve, dando provas de que a região pode ser pioneira sem pôr em causa a coesão da linguagem comunicacional dos serviços centrais.
Entre as questões a melhorar está a disponibilização em línguas estrageiras da informação actualmente apresentada pela página da direcção regional. “Foi uma questão que desde o início estava identificada, mas cuja implementação exige mais recursos do que aqueles que no momento eram possíveis alocar”, refere Alexandra Gonçalves, que deixa assim clara a visão estratégica de evolução da plataforma on-line no futuro.
Um exemplo que podia e devia ser seguido de perto relativamente ao resto da património regional, nomeadamente aquele que está debaixo da alçada das autarquias e que teima em ser tratado com pouco mais do que meras referências nos respectivos portais autárquicos.
Há ainda muito por fazer no Algarve em termos de comunicação relativamente à vasta herança patrimonial regional e urge fazê-lo de forma articulada que permita senão de raiz – como seria obviamente preferível – pelo menos a médio prazo a criação de uma plataforma integradas sobre o património do Algarve.
(Texto publicado na edição n.º 84 do Cultura.Sul, caderno cultural mensal do POSTAL)