O Dia Nacional das Bandas Filarmónicas vai ser assinalado esta quinta-feira, com um concerto em Faro, para divulgar a actividade destas organizações, fortemente marcadas pelo espírito comunitário, disse hoje à Lusa a directora regional de Cultura do Algarve.
O concerto, marcado para as 21.30, no Largo da Sé, juntará em palco a Associação Filarmónica de Faro, a Banda Filarmónica de São Brás de Alportel e a Banda Musical de Tavira e será precedido de uma arruada, com as bandas, desde o largo da Pontinha até ao local do espectáculo, acrescentou Alexandra Gonçalves.
Segundo aquela responsável, as associações e bandas filarmónicas desenvolvem também um trabalho de cariz social e comunitário, porque normalmente nascem no seio das comunidades, pela mão de pessoas da terra, proporcionando, muitas vezes, o primeiro contacto das crianças com a música, sobretudo no interior do país.
“São escolas que resultam da comunidade e que estão muito próximas dos seus problemas, têm uma filosofia muito ligada ao povo, é quase uma manifestação popular que vai crescendo”, notou Alexandra Gonçalves, reconhecendo que as bandas filarmónicas têm perdido algum espaço, sobretudo no litoral, devido à proliferação de ofertas de formação musical.
Concerto é organizado pela Fundação INATEL
Sob o lema “Música com Património”, o evento de quinta-feira é organizado pela Fundação INATEL, no âmbito do Programa INATEL Cultura, em parceria com o Município de Faro e a Direcção Regional de Cultura do Algarve, comemoração que conta também com o apoio do Teatro das Figuras e da Confederação Musical Portuguesa.
Em 2013, o Governo instituiu o dia 1 de Setembro como o Dia Nacional das Bandas Filarmónicas como forma de reconhecer o seu papel fundamental na cultura, educação, emancipação humana e igualdade de oportunidades, na sociedade portuguesa.
Aproximadamente metade das cerca de 700 bandas filarmónicas e fanfarras em actividade no país são associadas da Fundação INATEL, que se encontra ligada às bandas filarmónicas, mas “não apenas pelos apoios financeiros e pela ligação institucional históricos”, disse à Lusa o presidente da fundação, Francisco Madelino.
“Está geminado com ele porque há entre a fundação e este movimento, como no caso do folclore, um caminho mútuo, de confiança, em que, em muitos momentos da história nacional, foram resistentes na defesa da cultura popular e do associativismo nacional”, referiu.
Aquele responsável realçou a importância das bandas filarmónicas, “seja na educação musical, sobretudo nos instrumentos de sopro, seja associada ao lazer, aos festejos e às cerimónias religiosas”, o que faz com que estas bandas se tenham tornado “elementos inseparáveis” da paisagem cultural portuguesa.
Francisco Madelino recordou, ainda, que as bandas filarmónicas são responsáveis por iniciar a carreira “de um elevado número de músicos profissionais”, incidindo nos instrumentos de sopro, que prosseguem os seus estudos nas bandas militares, formações clássicas, no jazz, no arranjo e composição, e ainda na direcção de orquestra.
As bandas filarmónicas em Portugal prolongam a sua existência, em muitos casos, ao longo dos últimos três séculos e foi ao longo da segunda metade do século XIX que mais proliferaram pelo interior do país.
(Agência Lusa)