No próximo verão, e à medida que avançam nos vários países as campanhas de vacinação contra a covid-19, as quarentenas obrigatórias para quem viaja tenderão a desaparecer. Esse é, pelo menos, o objetivo principal do ‘passe verde de viagens’ que está a ser preparado pela Comissão Europeia até ao início de junho, que visa dar livre acesso aos cidadãos europeus no espaço da UE durante a pandemia, comprovando que o podem fazer de forma segura por um destes três motivos: estarem vacinados, apresentarem teste negativo ou estarem imunizados por terem recuperado da doença.
Portugal prepara-se “dentro em breve” para levantar as restrições de viagens, segundo adiantou a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, numa conferência web promovida esta semana pelo Parlamento Europeu sobre o certificado digital que se prepara na Europa até junho. A governante garantiu que “em Portugal estamos muito focados em reabrir o turismo de forma sustentável”, e de forma “alinhada” com o que serão os requisitos do passe verde europeu para as viagens.
Por enquanto, o que vigora é uma panóplia de regras exigidas de forma avulsa em cada destino – sendo certo que ainda há restrições de voos, que deverão ser levantadas a curto prazo, até ao verão, à medida que aceleram os planos de vacinação e os países tomem decisões de reabrir fronteiras.
A Tailândia anunciou que a partir de 1 de julho os turistas estrangeiros vacinados contra a covid podem ir a Phucket sem requisitos de quarentena – Foto Vitaly Sacred/Unsplash
Mas nesta fase ainda incerta, já há destinos que anunciaram regras de reabertura para o verão, e que dispensam a exigência de quarentenas aos turistas. Tipicamente, são as ilhas que em primeiro lugar se estão a abrir ao turismo, também devido a números mais favoráveis associados ao surto sanitário.
Seguem-se algumas indicações de regras de viagens em vários destinos que vigoram à data ou já foram anunciadas para o período do verão (e a qualquer momento podem ser alteradas), segundo indicações avançadas ao Expresso por operadores turísticos, com com base em anúncios feitos pelas autoridades de turismo em cada destino.
PHUKET É O PRIMEIRO DESTINO DA TAILÂNDIA A ABRIR A TURISTAS ESTRANGEIROS VACINADOS
A abertura gradual ao turismo já foi anunciada pelo governo da Tailândia, que anunciou que Phuket será o primeiro destino do país a reabrir aos visitantes estrangeiros vacinados, sem requisitos de quarentena, a partir de 1 de julho.
A 26 de março, foi aprovado na Tailândia o plano para reabrir o país ao turismo, por etapas. “Phuket será o destino piloto que eliminará os requisitos de quarentena a partir de 1 de julho, enquanto outros destinos ainda exigirão uma quarentena de sete dias. A partir do quarto trimestre deste ano, esperamos que a quarentena seja totalmente banida em todas as regiões do país”, explicitou o governador da Autoridade de Turismo da Tailândia, Yuthasak Supasorn.
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Nesta abertura gradual, a partir de 1 de abril os viajantes estrangeiros vacinados contra a covid estão autorizados a visitar ilha tailandesa, mas ainda assim terão de cumprir em Phuket uma quarentena de sete dias numa “área circunscrita”, o que significa que nesse período de tempo devem permanecer nos hotéis, e só passados os primeiros sete dias poderão “desfrutar de atividades de turismo e lazer em locais previamente definidos”.
Só a partir de 1 de julho os turistas estrangeiros vacinados terão permissão para visitar Phuket sem terem que cumprir um período de quarentena. Ainda assim, terão de respeitar determinados requisitos ao longo destas duas etapas, designadamente apresentar um comprovativo de terem recebido duas doses de vacina à covid reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os outros documentos exigidos incluem o comprovativo de teste com com resultado laboratorial indicando que o vírus não foi detetado através do método RT-PCR, e emitido no máximo 72 horas antes da partida, além de um Certificado de Entrada (COE) emitido pela embaixada da Tailândia no país de origem. Também é necessário um visto válido ou permissão de reentrada, e uma apólice de seguro de saúde.
À chegada ao aeroporto de Phuket, os turistas terão de passar por uma triagem covid-19, que inclui a realização de testes PCR, e efetuar o download de um aplicativo de rastreamento, de forma a garantir que visitam apenas as áreas autorizadas.
ILHAS SEYCHELLES DEIXAM DE EXIGIR QUARENTENAS A PARTIR DE ABRIL
Também as ilhas Seychelles se estão a reabrir ao turismo externo, e a partir de abril deixam de vigorar neste destino as quarentenas obrigatórias.
Os visitantes estrangeiros terão apenas de apresentar um teste PCR negativo à covid, realizado 72 horas antes da viagem, tendo sido levantadas as exigência de quarentena e as restrições de mobilidade aos turistas após a entrada nas ilhas.
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Nas Seychelles, deixa de ser exigida uma permanência mínima nos alojamentos locais no momento da chegada, e os turistas ficam com acesso livre a todas as áreas comuns dos hotéis, como bares, piscinas, spas ou clubes infantis.
Mas os turistas terão de respeitar as regras locais de saúde pública para controle da pandemia, como uso de máscaras e distanciamento social, além da higienização frequente das mãos.
A revisão dos procedimentos para facilitar a reabertura do destino só foi possível, segundo o Ministro de Relações Exteriores e Turismo, Sylvestre Radegonde, pelo sucesso alcançado com a campanha de vacinação iniciada no país em janeiro.
MÉXICO NÃO OBRIGA OS TURISTAS A CHEGAREM VACINADOS
Um dos países onde vigoram poucas restrições às viagens neste contexto de pandemia sanitária é o México, onde se inclui Cancun, que integra a lista dos destinos populares para férias de verão dos portugueses, é trabalhado pelos operadores turísticos nacionais, e onde a TAP está a fazer uma aposta forte passando a operar três ligações aéreas semanais, cujo voo inaugural partiu de Lisboa a 27 de março.
No México não há restrições formais às viagens, nem se exige que os turistas cheguem vacinados contra a covid. Os viajantes só terão de preencher um formulário, de acordo com as regras locais, e cumprir as normas sanitárias que vigoram no destino, como o uso obrigatório de máscara.
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No entanto, as autoridades mexicanas decidiram cobrar uma nova taxa, a partir de 1 de abril, nos locais turísticos que concentram a maioria dos resorts procurados por visitantes estrangeiros, como Cancun ou Tulum, com o fim de reverter para melhorias face ao impacto da crise pandémica. Esta taxa é de 224 pesos mexicanos, o que dá cerca de €9,25 por turista, e pode ser incluída no ato de reserva de viagem, podendo tal ser tratado pelas agências ou companhias aéreas.
REPÚBLICA DOMINICANA TAMBÉM NÃO TEM RESTRIÇÕES FORMAIS
Também a República Dominicana não tem de momento restrições formais às viagens, a nível de vacinas ou testes, e à semelhança do México os turistas aqui à chegada só terão de preencher um questionário, além de respeitas as regras sanitárias locais, como o uso de máscara.
Tal como Cancun, no México, também Punta Cana na República Dominicana é um dos destinos das Caraíbas mais procurados pelos portugueses nas férias de verão, e é há anos sistematicamente trabalhado com voos ‘charter’ pelos operadores turísticos nacionais.
No entanto, os operadores turísticos alertam que, à margem das regras à entrada no país, as próprias cadeias hoteleiras, que são de marcas internacionais, podem optar por impor aos hóspedes requisitos específicos, a nível de vacinas ou de testes, na generalidade dos destinos nas Caraíbas.
CUBA MANTÉM QUARENTENAS OBRIGATÓRIAS: CINCO NOITES EM HOTEL, PAGAS PELOS TURISTAS
No que genericamente se considera como sendo a América Latina, a principal exceção é Cuba, onde se aplicam regras apertadas a todos os turistas que chegam de qualquer destino, e à chegada são obrigados a fazer uma quarentena obrigatória, de cinco noites num hotel local autorizado para este fim, e pagando as respetivas despesas.
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Varadero, à semelhança de Cancun e Punta Cana, tem sido um dos destinos mais populares para os portugueses no que toca a férias de verão nas Caraíbas, através de pacotes baseados em ‘charters’ organizados por operadores nacionais.
Os passageiros que chegam a Cuba têm de apresentar um teste RT-PCR de resultado negativo, emitido no máximo 72 horas antes da chegada (no caso dos passageiros vindos da Polónia este prazo é mais alargando, podendo o teste ter data até cinco dias antes da chegada).
À chegada ao aeroporto em Cuba, os passageiros são submetidos a um novo teste PCR, além de ficarem sujeitos a “triagem médica”, e posteriormente encaminhados aos hotéis para cumprirem as quarentenas. Os turistas também têm de pagar uma “taxa de saúde” de 30 dólares.
CABO VERDE ANSEIA PELO REGRESSO DOS TURISTAS
O arquipélago lusófono, que é há anos trabalhado por operadores turísticos portugueses e já se tornou uma tradição nos pacotes de férias de verão mais económicos, está a ressentir-se fortemente com a paralização gerada pela pandemia, uma vez que vive de turismo, e anseia fortemente pela retoma.
O que Cabo Verde de momento pede aos viajantes para chegarem ao destino é o preenchimento de um questionário online, além ada apresentação de teste PCR negativo à covid, realizado até 72 horas antes da viagem.
Belinda Fewings – Unsplash
No início de março, surgiram os primeiros casos no arquipélago da nova variante britânica do vírus, mas o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia da Silva, adiantou na altura não haver intenções do destino adotar mais restrições às viagens, uma vez que os países emissores de turistas estão eles próprios a tomar “medidas que impedem grandes circulações”.
O governante de Cabo Verde pôs a tónica em reforçar as medidas de prevenção. “É proteger, manter as regras de distanciamento, uso de máscaras e higienização, porque com estas normas e o seu uso de forma generalizada estaremos a evitar a propagação de qualquer tipo de vírus”, frisou. No entanto, deixou em aberto a possibilidade de serem tomadas medidas “mais ajustadas” com base numa avaliação periódica do surto sanitário.
REINO UNIDO MANTÉM RESTRIÇÕES DE VOOS E A OBRIGAÇÃO DE QUARENTENAS
Com o Brexit, o país britânico passou a ser extra-comunitário, ficando de fora do passe verde de viagens que a Comissão Europeia prepara até junho. No entanto, mantém-se como destino de grande procura por parte dos portugueses, devido ao histórico e a razões de ordem diversa.
Portugal e o Reino Unido mantêm as fronteiras fechadas entre si neste contexto de pandemia, só havendo lugar a voos de repatriamento ou por motivos essenciais. O Reino Unido vai manter a restrição de voos, sem ser por motivos essenciais, até 15 de abril.
Portugal prepara-se para levantar as restrições à chegada de turistas britânicos a partir de 17 de maio, segundo avançou há algumas semanas a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, à rádio BBC. Até lá, falta montar a necessária operação de transporte aéreo, e o único sinal que veio até à data do Reino Unido foi tirar Portugal da ‘lista vermelha’ a 19 de março.
O efeito que esta decisão teve foi de evitar que à chegada ao Reino Unido (neste caso, de Portugal) as pessoas tenham de fazer quarentenas obrigatórias em hotéis, e às suas custas, mantendo-se a exigência de cumprirem um período de autoisolamento num outro domicílio, além de terem de apresentar testes negativos à covid ao chegar ao país.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso