A recente ascensão do preço do azeite em Portugal, revelada pelos dados do Eurostat, destaca-se como um fenómeno complexo, onde a qualidade do produto nacional e fatores de oferta e procura desempenham papéis cruciais. A Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal – analisou os motivos por trás do aumento de 69% registado em janeiro, atribuindo-o à excelência do azeite nacional e a um preço inicialmente mais acessível para os consumidores.
A diretora executiva da Olivum, Susana Sassetti, enfatizou que a produção de azeite em Portugal está em constante crescimento, destacando a notável qualidade do produto. Ela ressaltou que cerca de 95% do azeite português é classificado como virgem extra, consolidando a reputação do país como produtor de azeite de alto padrão.
Os dados do Eurostat indicam que Portugal experimentou o maior aumento homólogo nos preços do azeite em comparação com outros países da União Europeia, que, em média, testemunharam um aumento de 50%. Susana Sassetti atribuiu este fenómeno à influência direta de Espanha, o maior produtor mundial de azeite. A produção espanhola, que representa mais da metade da produção global, sofreu uma redução significativa este ano, impactando diretamente os preços em Portugal.
A diretora executiva prevê que os preços continuem a subir no curto prazo devido à instabilidade na produção espanhola. Ela destaca que, embora a produção de azeite em Portugal tenha sido robusta este ano, fatores climáticos, como chuvas em outubro e geadas em janeiro e fevereiro, complicaram a extração do azeite. Isto resultou num ligeiro aumento da acidez do produto, embora permanecendo dentro dos parâmetros de azeite virgem extra.
Em relação aos associados da Olivum, a campanha deste ano atendeu às expectativas em termos de produção de azeitona, apesar dos desafios na extração do azeite. A produção alcançou as 105.000 toneladas, representando aproximadamente 70% da produção total de azeite em Portugal.
É crucial notar que, apesar da ligeira diminuição na produção em comparação com a campanha anterior, a entrada de novos olivais mitigou significativamente a queda. A Olivum, atualmente a maior associação de olivicultores e lagares em Portugal, abrange 49 mil hectares de olival, com 130 grupos associados, mais de 300 explorações e 18 lagares.
A tendência de aumento nos preços do azeite não é exclusiva de Portugal, sendo observada em toda a União Europeia. O serviço estatístico europeu destaca um pico inflacionário de 51% em novembro de 2023, seguido por um aumento de 47% em dezembro do mesmo ano. Em janeiro de 2024, todos os Estados-membros registaram aumentos nos preços do azeite.
O futuro do mercado de azeite em Portugal permanece sujeito às oscilações da produção espanhola e às complexidades climáticas que afetam a colheita. Contudo, a reputação da qualidade do azeite português continua a ser um fator-chave na determinação dos preços, consolidando a posição do país como um produtor de excelência no cenário global.
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