Os descontos nas portagens de sete antigas vias Sem Custos para o Utilizador (SCUT) “pecam por pouco” e, no caso do Algarve, as portagens na A22 “nem deviam existir”, considerou hoje o presidente da maior associação hoteleira da região.
“A medida peca por pouco e no que diz respeito ao Algarve não devia haver portagens nenhumas”, disse à Lusa Elidérico Viegas, sublinhando que a manutenção das portagens na A22 é reveladora da “falta de sensibilidade” do Governo face ao peso que a atividade turística na região tem na economia do país.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, anunciou hoje, em Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, descontos nas portagens de sete autoestradas a partir do terceiro trimestre do ano para os “utilizadores frequentes”.
A governante explicou que se trata de “um desconto de quantidades”, exemplificando que a “partir do oitavo dia até ao 15.º dia haverá um desconto de 20% e a partir do 16.º dia até ao final do mês será um descontos de 40%”.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considerou que, em matéria de portagens, a região é “refém das estratégias definidas para o resto do país” e que se aplicam ao Algarve “por simpatia”.
“Não faz sentido que, no Algarve, continuemos a pagar portagens para que no resto do país também se continue a pagar”, defendeu, lembrando que durante dez anos a circulação naquela ex-SCUT não era paga e que a região “paga por tabela”, mesmo sendo uma região altamente dependente do turismo.
Segundo Elidérico Viegas, a introdução de portagens na A22, em 2009, teve “impactos terríveis” no setor turístico, alguns dos quais ainda se fazem sentir, nomeadamente no que respeita ao mercado espanhol, que “ainda hoje não recuperou”.
De acordo com o empresário, ainda não foi possível recuperar o mercado espanhol “na sua totalidade”, já que criou “uma situação de desconfiança que perdura”, não as portagens em si, mas o modelo de pagamento, “que poucos compreendem”.
Elidérico Viegas sublinhou ainda que a A22 “não tem características de autoestrada”, mas sim de via rápida, e recordou que a criação da estrada, paga com fundos comunitários, se baseava no princípio de não ter quaisquer custos para o utilizador.
Segundo a ministra da Coesão Territorial, nas autoestradas A4, A24, A28, A25, A23, A13 e A22, antigas SCUT, já eram aplicados descontos e estes foram “harmonizados e aumentados”.
Segundo Ana Abrunhosa, estes descontos beneficiam os residentes ou os que se deslocam frequentemente às regiões, quer em termos de atividade económica ou turística.
Relativamente ao transporte de mercadorias, os descontos vão ser aumentados dos 30% para os 35% de dia e de 50% para 55% à noite.