Uma descoberta de proporções inéditas nos Estados Unidos pode alterar drasticamente a dependência do país face à China no que respeita à produção de minerais de terras raras. A American Rare Earths, empresa responsável pela exploração de um terreno no Wyoming, revelou a existência de um depósito com 2 mil milhões de toneladas de minerais estratégicos, incluindo neodímio, praseodímio, samário, disprósio e térbio. Estes elementos são fundamentais para a fabricação de tecnologias avançadas como smartphones, veículos elétricos, aviões e até dispositivos espaciais.
Atualmente, a China domina o mercado global, produzindo cerca de 95% dos minerais de terras raras e controlando 31% da produção total. Os Estados Unidos, por sua vez, importam 74% dos minerais que consomem, com uma quota de produção de apenas 15%. Esta nova descoberta tem o potencial de reequilibrar esta relação, reduzindo a dependência norte-americana de importações e fortalecendo a sua posição estratégica no mercado global.
De acordo com Don Schwartz, CEO da American Rare Earths, os resultados preliminares são impressionantes: “Estes resultados ilustram o enorme potencial do projeto, com os recursos a aumentarem 64% durante a campanha de perfuração, elevando os recursos medidos e indicados em 128%.” Surpreendentemente, apenas 25% do território em exploração foi perfurado até agora, sugerindo que o verdadeiro potencial do depósito ainda está por revelar.
Além deste achado, a Ramaco Resources identificou outro depósito promissor nas proximidades de Sheridan, também no Wyoming. Randall Atkins, CEO da Ramaco Resources, afirmou ao Cowboy State Daily que os primeiros testes indicam um valor aproximado de 37 mil milhões de dólares. “Só testámos entre 30 e 60 metros, mas há camadas que podem atingir até 300 metros. Estamos agora a explorar níveis mais profundos para compreender melhor o que poderá estar ali.”
Esta descoberta surge num contexto em que a exploração de terras raras tem sido uma prioridade estratégica para os EUA, especialmente após a proibição temporária da sua extração em dezembro de 2023. Desde então, iniciativas como a da American Rare Earths têm acelerado para reduzir a dependência externa e, em particular, a influência da China neste setor crítico.
Os minerais de terras raras são essenciais para a transição energética e o avanço tecnológico, mas a sua extração e processamento são desafiantes, tanto do ponto de vista ambiental como económico. No entanto, esta descoberta no Wyoming oferece uma oportunidade única para os Estados Unidos não só reforçarem a sua autonomia, mas também desempenharem um papel mais relevante na cadeia de fornecimento global.
Com a exploração ainda em curso e expectativas de novos achados, este pode ser o início de uma nova era para a economia, com impacto significativo nas dinâmicas geopolíticas e comerciais.
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