“A nova derrocada verificada na extremidade poente da praia Maria Luísa, felizmente sem causar vítimas, permitiu de novo perceber uma atitude inconsequente e cínica por parte da APA”, começa por apontar a Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, em comunicado de imprensa enviada às redacções, referindo-se à derrocada que causou o pânico naquela praia no dia 7 de Agosto.
A Almargem acusa a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) de defender que “só há dois factores que contribuem para os desmoronamentos – a acção do mar e da água das chuvas”, “esquecendo-se” de referir “a influência que a intervenção do homem tem vindo crescentemente a ter nestes casos”, devido à ocupação “indevida” da borda das arribas por construções e, como acontece na própria praia Maria Luísa, por “extensos arrelvados”, regularmente regados, “o que, certamente, não ajuda a diminuir a sua erosão natural, muito pelo contrário”.
A Almargem vai mais longe e põe em causa a origem da derrocada nocturna verificada em 2015 na mesma praia, dizendo que terá sido uma “consequência directa” de uma “inexplicável” intervenção da APA, com construção de passadiços e de um miradouro em cima da arriba “instável”, situação denunciada na altura pela associação mas que nunca foi devidamente esclarecida, alega.
A Associação Almargem garante que teve várias ocasiões para propor uma solução “bem mais eficaz”, através da demarcação efectiva das zonas de risco no próprio areal, com auxílio de estacas de madeira e corda, pelo menos nas áreas acima do nível máximo da maré cheia. “A presença de banhistas nessas zonas tornar-se-ia assim muito mais visível e reprovável, garantindo que a maioria das pessoas se mantivesse em zonas mais seguras”, diz a associação no mesmo comunicado. “A Almargem entende que as entidades responsáveis não queiram implementar essa medida, ou outras, tais como a autuação dos banhistas prevaricadores, para tentar não macular a imagem pretensamente idílica de um Algarve com praias selvagens e intocadas, capazes de acolher o máximo número de pessoas”.
“Na tentativa de compatibilizar o incompatível – turismo de massas e ambientes naturais – essas entidades, cinicamente, estão a pôr em risco a integridade dos utentes das praias, deixando mesmo, no pico do Verão, ultrapassar largamente a respectiva capacidade de carga, por elas próprias definida”, acusa a Almargem.
“De quem não hesitou em destruir a Praia de Dona Ana, a mais emblemática do Algarve, sob o argumento da salvaguarda da segurança dos banhistas, não se pode aceitar esta teimosia em não querer implementar as mais elementares medidas de segurança nas praias com arribas mais instáveis”, conclui a associação.