O Presidente da República considerou hoje que a atividade turística no Algarve está melhor, com a ocupação de alguns hotéis a 70%, e questionou o que estará a impedir o Reino Unido de abrir um corredor aéreo com Portugal.
“Na situação atual, ainda mais do que há uma semana ou duas ou três, ninguém percebe porque é que o corredor aéreo britânico não abre. Quer dizer, se não abre agora, quando é que abre”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas junto à praia dos Três Irmãos, em Alvor, no concelho de Portimão, onde iniciou um período de seis dias de férias.
O chefe de Estado disse não ser possível estar “à espera de zero casos”, porque “nenhum país vai ter zero casos” e o que “se assiste na Europa é até uma evolução oposta” à que se vive “neste momento de estabilização em Portugal”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a situação epidemiológica em Portugal poderia permitir a abertura do corredor aéreo entre o Reino Unido e Portugal, isentando os viajantes que chegam a território britânico de fazer uma quarentena de 14 dias devido à pandemia de covid-19.
“A questão essencial é a preparação do Serviço Nacional de Saúde, que até agora tem respondido à medida do que era necessário, a preparação do nosso e dos outros para momentos de maior pico. Por isso, olho mais para o número de internados e de cuidados intensivos, do que dos infetados, sobretudo os assintomáticos”, acrescentou.
O Presidente da República disse que “ninguém pode travar” o surgimento de “surtos pontuais, como em lares”, onde a “há mais abertura” e “mais visitas” e recordou que sempre que “há mais circulação é maior o risco”, mas considerou que globalmente o país e o Algarve, em particular, “têm vindo a melhorar” na ocupação turística.
“Ainda ontem [sexta-feira] dei uma volta, ao fim da tarde e princípio da noite, aqui em Portimão e Alvor, e há uma diferença muito grande relativamente àquilo que vi há dois ou três meses. Há hotéis que estão nos 70%, o que é bom, há outros abaixo, há sobretudo uma zona (…) em que a sensação é que está nos 30%, em muitos casos ainda, mas está a subir”, garantiu.
O chefe de Estado português considerou que “este ano vai ser um bocadinho contra o que é normal, que é o final de agosto melhor do que o princípio de agosto, que nunca acontece, e o princípio de setembro melhor do que costuma ser”, porque as pessoas “estão a adiar a marcação de férias e estão a chegar mais tarde”.
Questionado sobre a existência ou não de uma segunda vaga de casos de covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Aquilo que se chama segunda vaga é a mesma vaga, com altos e baixos, e neste momento com um alto”, como acontece com outros países da Europa, que “estavam com baixo” e “agora estão a conhecer um alto”.
A Alemanha, onde as “aulas começam mais cedo do que em Portugal”, já registou uma subida e a “maior mobilidade das pessoas” favorece o surgimento de surtos, exemplificou, defendendo, no entanto, que “até ser encontrada uma vacina” as pessoas têm que “estar habituadas à ideia de conviver” com o vírus.
“As economias, como a Alemanha e outras mais avançadas, estão a tentar conviver com esse fenómenos [de surtos] e encontrar medidas como uso de mascara de forma mais intensiva, mas não parar a atividade económica”, sinalizou, acrescentando que “não é possível fazer novo confinamento integral”, porque se a atividade voltar a parar entra-se num “ciclo vicioso terrível para as economias”.