O anúncio feito pelo primeiro-ministro, António Costa, vai obrigar as discotecas a fecharem logo após o Natal e impede os empresários de aceder ao encaixe financeiro da passagem do ano, um período “em que mais se fatura” e que era visto pelas empresas como uma “ajuda no meio dos problemas todos” causados ao setor da diversão noturna pela pandemia e pelas restrições adotadas para a conter, disse o presidente da associação, Liberto Mealha.
“Eu penso que os empresários não estavam a contar com isto, porque, na verdade, é sempre nas alturas em que se prevê uma melhor faturação ou um melhor período de trabalho que surgem as restrições”, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação de Discotecas do Sul e Algarve (ADSA), numa primeira reação ao anúncio feito pelo Governo.
Liberto Mealha argumentou que na passagem do ano é quando “não só os trabalhadores recebem a dobrar, como os empresários também têm possibilidade de cobrar mais”, por se tratar de um “dia do ano especial”.
Mas, a adoção de uma “nova semana de contenção”, a juntar à anunciada para o período entre 02 e 09 de janeiro de 2022, “faz cair por terra esta futura receita, que muito vinha ajudar” os empresários, afirmou.
Quanto aos apoios prometidos por António Costa para compensar o setor por este encerramento, e que incidem sobre o apoio ao ‘lay-off’ simplificado e o acesso ao programa Apoiar.pt, Liberto Mealha disse que “não são significativos”.
“O ‘lay-off’ simplificado para uma semana ou duas, o que é que isso representa? Importante era um ‘Apoiar’ a fundo perdido, mas de que maneira? Vão fazer uma comparação com o ano anterior, em que já não podíamos trabalhar? Este ano também não vamos poder trabalhar, não há comparação possível de receita para se poder receber 20% a fundo perdido, portanto também não dá nada”, sustentou.
Estes mecanismos anunciados para apoiar as discotecas representam assim “pouco” e “não compensam ter de fechar nesta altura do ano”, que é uma das que mais procura gera para as empresas do setor localizadas no Algarve, acrescentou.
“O vírus vem em má altura – mais outra variante em má altura – mas na verdade estas medidas também vieram em má altura. Todos nós estamos aqui com intenções de conseguir sobreviver, já vão dois anos, andamos aqui com uma variante e outra, e isto começa a ficar um bocado sufocante economicamente para as empresas e os empresários”, advertiu.
Liberto Mealha disse ainda que as restrições hoje anunciadas ao funcionamento das discotecas deixam os empresários da noite com um sentimento de “desânimo” e “preocupação”.
“Todos eles estão desanimados com isto e preocupados com o futuro. A atividade mais penosa é sempre a mesma, os bares e discotecas, que são os que sofrem mais e não sei quando isto vai mudar”, afirmou ainda o presidente da ADSA.
A obrigatoriedade de encerramento das discotecas, em vigor a partir das 00:00 de sábado, foi anunciada em conferência de imprensa pelo primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa, após um Conselho de Ministros extraordinário em que foi deliberado antecipar também medidas como a obrigatoriedade do teletrabalho, devido ao aumento do número de casos de covid-19.
Atualmente, os bares e discotecas – que reabriram em outubro pela primeira vez desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, após 19 meses parados – são acessíveis apenas com a apresentação de teste negativo (antigénio ou PCR) ou de certificado de recuperação, mesmo para pessoas vacinadas contra o SARS-CoV-2.
Os clientes não têm de usar máscara nestes espaços, ao contrário dos trabalhadores, segundo a Direção-Geral da Saúde.