Dezenas de pessoas formaram ontem um cordão humano na Ilha de Tavira em protesto contra a exploração de petróleo no Algarve, uma iniciativa integrada num acampamento anti-fóssil que ali se realizou durante o fim-de-semana.
Em declarações à Lusa, Ana Correia, do Movimento Tavira em Transição, disse que, através desta iniciativa, os vários movimentos presentes quiseram chegar ao maior número de pessoas, sensibilizando-as para os problemas da eventual exploração de petróleo e gás em terra e na costa algarvia.
“O nosso objectivo é tocar e informar as pessoas, para podermos mostrar ao poder governativo que há motivos para anular os contratos, quer do ponto de vista jurídico, quer das consequências para a região”, referiu, acrescentando que tem sentido que as pessoas estão mais atentas aos problemas associados à exploração de petróleo.
No acampamento anti-fóssil, que terminou no domingo, estiveram reunidas 50 pessoas, que durante dois dias distribuíram informação aos veraneantes que se encontravam naquela zona balnear, fazendo sessões de esclarecimento e aproveitando também para recolher assinaturas para a consulta pública sobre a pesquisa de petróleo no mar, próximo da costa de Aljezur.
Estrangeiros não associam Algarve a uma zona de exploração de gás e petróleo
Ana Correia defende que o eventual avanço da exploração de gás e petróleo na região “põe em causa o paradigma actual do Algarve”, considerando ainda que foi um “desrespeito” o facto de as autoridades não terem consultado primeiro a população.
“Apesar de ainda haver alguma desinformação, nota-se que quando abordamos as pessoas para as pedir para assinar o documento não precisamos de falar mais do que cinco segundos, as pessoas disponibilizam-se logo”, observou.
Ana Correia disse que nota uma evolução no grau de informação das pessoas, que vai muito no sentido de “não quererem que isto [pesquisa e prospecção de petróleo] aconteça”, pois a partir do momento em que estão informados, a opinião é “unânime”.
Aquela responsável realçou ainda o número de estrangeiros envolvidos nas acções e a “estranheza” e “indignação” que demonstram quando confrontados com o assunto, pois “não conseguem associar o Algarve a uma zona de exploração de gás e petróleo”.
Segundo Ana Correia, neste momento a prioridade dos movimentos anti-petróleo é a consulta pública relacionada com a pesquisa de petróleo no “deep offshore” da Bacia do Alentejo, a 46,5 quilómetros da costa de Aljezur, pedida pelo Consórcio ENI/Galp.
Além do Movimento Tavira em Transição, no evento deste fim-de-semana em Tavira marcaram também presença a Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), movimentos de Aljezur e Vila do Bispo, outras organizações ligadas ao Ambiente e também a Associação de Pescadores e Armadores da Ilha de Tavira.
(Agência Lusa)