O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, esteve hoje presente no lançamento da primeira pedra da obra de construção da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Companheira em Portimão, uma obra da Águas do Algarve (AdA) que promete mudar em muito a qualidade ambiental do Arade e da zona envolvente à área norte de Portimão.
Em visita ao Algarve – onde inaugurou também as ETARs de Vila do Bispo e Sagres – o titular do Governo dá assim o tiro de partida na construção de uma das mais importantes infra-estruturas de tratamentos de águas residuais urbanas da região, a par da futura ETAR de Faro nascente.
Com um custo de 13,8 milhões de euros e um prazo de execução de 720 dias (24 meses) a obra está atrasada face ao quadro temporal definido inicialmente que a dava como concluída até ao final deste ano.
ETAR vai ter tratamento suplementar de efluentes
A ETAR da Companheira vai ter um sistema de tratamento que permitirá responder melhor aos picos de volume de águas residuais a tratar e de forma mais eficiente ao aumento de efluentes quando este se verifique, o que torna possível evitar a necessidade de descargas de emergência de efluentes não completamente tratados, em especial nas alturas de maior aumento da população servida pela infra-estrutura, ou seja, durante o Verão.
A somar a isto, a estrutura será equipada com tratamento adicional ao secundário (o até agora oferecido pela actual ETAR com o mesmo nome que funciona pelo sistema de lagunagem). Assim contará com a remoção de azoto e desinfecção por radiação ultra violeta, o que resultará num efluente final com qualidade muito superior à que hoje oferece a ETAR portimonense.
Os benefícios serão pois substanciais quer para o Rio Arade, para onde são lançados os efluentes tratados, quer para o ambiente envolvente à infra-estrutura em particular no que toca aos odores característicos das ETARs com sistema de tratamento assente em lagoas (lagunagem).
Adeus aos maus cheiros
No âmbito da obra agora lançada está a preocupação com o mau cheiro que resulta do processo de tratamento de águas residuais. Actualmente a ETAR da companheira é um foco de produção de odores desagradáveis que, em particular no Verão, são especialmente notórios, apesar das medidas de contenção do fenómeno preconizadas pela Águas do Algarve.
A nova ETAR terá em atenção este factor e inclui sistemas que permitem a minoração dos efeitos do tratamento ao nível da produção de cheiros.
Situada a norte da actual ETAR e a sul da ponte da EN 125 sobre o Rio Arade, a nova ETAR da Companheira vai dar resposta aos efluentes resultantes de três concelhos, Monchique, Lagoa e Portimão, abrangendo freguesias de Lagoa e Monchique que até ao momento não estavam no âmbito de tratamento de efluentes da actual ETAR.
Desenhada para 140 mil habitantes num horizonte até 2037, a nova ETAR vai poder tratar um caudal médio diário de mais de 47 mil metros cúbicos e permite responder a picos de caudal de até 2.895 metros cúbicos por hora.
A ETAR da companheira vai ter parte do financiamento assegurado por fundos do Banco Europeu de Investimentos (BEI). A empresa mãe da AdA, a Águas de Portugal, vai receber do BEI uma parte importante do valor que pretende investir através da AdA no Algarve nos próximos cinco anos, no qual se inclui a obra da Companheira e a da ETAR de Faro Nascente, sendo que o empréstimo assegura também investimentos na região do Alentejo.
Ao todo são 800 milhões de euros de investimentos na calha a serem realizados pelo grupo Águas de Portugal, que o BEI vai financiar em 50%. A revelação do empréstimo do BEI foi feita pelo presidente da Águas de Portugal, Afonso Lobato de Faria, no final da audição que teve lugar na Comissão de Ambiente realizada na Assembleia da República a 19 de Janeiro.
No lançamento da primeira pedra o secretário de Estado foi acompanhado pela presidente da Câmara de Portimão Isilda Gomes que vê assim chegar a bom porto uma promessa de investimento indispensável para o concelho e que há muito se encontrava na calha para se tornar obra no terreno.
Embora abranja além de Portimão vários concelhos limítrofe, a ETAR da Companheira terá relativamente à cidade do Arade uma importância acrescida, uma vez que, se encontra a norte do perímetro urbano e resolverá problemas de qualidade ambiental sérios na sua área de localização.