Um estudo recente publicado na JAMA Network trouxe novas perspetivas sobre os sinais precoces de demência, revelando que a fragilidade física pode ser um alerta para a doença, manifestando-se até nove anos antes do diagnóstico. Esta descoberta sublinha a relação entre o declínio físico e as demências, como o Alzheimer, a forma mais comum deste tipo de doença.
Fragilidade física como indicador precoce
De acordo com a investigação, conduzida pelo médico David Ward e uma equipa de investigadores, a fragilidade física não é apenas uma consequência da demência, mas também pode desempenhar um papel no seu desenvolvimento. “Os dados sugerem que a fragilidade física contribui para o início da doença”, afirmou o especialista num comunicado.
O estudo analisou cerca de 28 mil voluntários, com uma idade média de 71 anos, ao longo de duas décadas, utilizando questionários que avaliavam 30 indicadores de fragilidade física. Estes indicadores incluem atividades do quotidiano como:
- Andar 100 metros sem cansaço;
- Levantar-se sozinho de uma cadeira;
- Subir escadas;
- Vestir-se e tomar banho sem ajuda;
- Ter força suficiente para empurrar um objeto grande ou levantar cinco quilos.
Estas dificuldades, muitas vezes vistas como normais no envelhecimento, podem ser sinais de alerta quando associadas ao risco de demência.
Demência: um problema global crescente
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 47,5 milhões de pessoas vivam atualmente com demência, número que pode atingir 75,6 milhões em 2030 e 135,5 milhões em 2050. Esta doença genérica engloba várias condições, como o Alzheimer e o Parkinson, e caracteriza-se por alterações cognitivas, incluindo perda de memória, dificuldades na linguagem e desorientação.
Embora para muitas formas de demência não exista cura, sabe-se que cerca de 40% dos casos podem ser prevenidos ou adiados através de estilos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular.
Prevenção e diagnóstico precoce
A identificação precoce de fatores de risco, como a fragilidade física, pode ser determinante para retardar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Este estudo reforça a necessidade de monitorização física em idades avançadas, não só para prevenir quedas ou lesões, mas também para detetar possíveis sinais de deterioração cognitiva.
Com o envelhecimento da população, a demência impõe-se como um desafio crescente para os sistemas de saúde e para as famílias. Reconhecer e agir perante os sinais precoces, como os apontados nesta investigação, pode ser um passo crucial para enfrentar este problema de saúde pública.
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