A Argentina está a assistir a uma transformação sem precedentes no seu setor energético, graças ao campo de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de petróleo e gás de xisto do mundo. Localizado na província de Neuquén, na Patagónia, Vaca Muerta já se posiciona como o quarto maior campo de petróleo de xisto e o segundo maior em reservas de gás do planeta.
Apesar de desafios logísticos e infraestruturais, o potencial deste campo poderá colocar a Argentina entre os maiores produtores de petróleo do mundo nas próximas décadas, reposicionando o país como uma potência económica global.
Atualmente, Vaca Muerta produz cerca de 400 mil barris de petróleo bruto por dia, um número já significativo para os padrões globais. No entanto, as projeções são ainda mais ambiciosas. Segundo o ministro da Energia de Neuquén, Gustavo Medele, a produção diária poderá alcançar 2 milhões de barris até 2030, graças a avanços tecnológicos e à crescente eficiência na extração e exploração.
Mesmo os cenários mais conservadores indicam que o campo pode chegar aos 1,1 milhões de barris diários no mesmo período, números que transformariam a Argentina num dos maiores exportadores de petróleo e gás do hemisfério sul.
Apesar do potencial, a localização remota de Vaca Muerta apresenta desafios consideráveis. O campo encontra-se a mais de mil quilómetros dos principais centros de consumo e dos portos atlânticos, o que dificulta o transporte dos recursos extraídos.
Para superar esta barreira, estão em curso investimentos significativos em infraestruturas. Gasodutos e oleodutos estão a ser construídos para garantir o escoamento eficiente da produção, reduzindo custos e acelerando as exportações.
O crescimento de Vaca Muerta já se reflete positivamente na economia argentina. Só em 2024, as exportações de energia deverão gerar um excedente de 5 mil milhões de dólares, um alívio significativo para um país frequentemente afetado por crises económicas e financeiras.
Segundo um relatório da PwC, este número pode aumentar para 30 mil milhões de dólares anuais até 2030, caso o ritmo de crescimento da produção seja acompanhado por uma evolução robusta das infraestruturas.
Se os objetivos forem cumpridos, a Argentina poderá não apenas reforçar a sua posição como um dos principais exportadores globais de energia, mas também diversificar a sua economia, criando emprego, atraindo investimento estrangeiro e estabilizando as suas contas externas.
Para um país que enfrenta desafios económicos há décadas, Vaca Muerta surge como um símbolo de esperança e renovação. Embora o caminho esteja longe de ser isento de obstáculos, o impacto deste gigante energético poderá redefinir o papel da Argentina no panorama global — e colocar o país entre as grandes potências do setor energético.
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