A comunidade cigana que ficou desalojada na sequência do tornado registado em Faro no domingo vai ser alojada provisoriamente no pavilhão municipal da Penha, mas o presidente do município diz que não tem habitação permanente disponível para estas pessoas.
“Logo que as condições o permitam vão ter que regressar as locais onde permanecem há muitos anos. Estamos a estudar soluções para o futuro, mas não temos nenhuma solução para todas as comunidades ciganas do concelho”, disse Rogério Bacalhau durante um balanço à imprensa feito hoje ao final da manhã.
O tornado que no domingo à tarde atingiu a cidade de Faro e outras localidades do sotavento algarvio desalojou uma comunidade cigana de 100 pessoas, residente nas zonas do Escuro e do Cerro do Bruxo, junto a uma das entradas da cidade, e levou-a a procurar abrigo no hospital.
Em declarações à Lusa, familiares de moradores reivindicaram a atribuição de casas a esta comunidade, que vive em habitações precárias, construídas com madeira, telhas e chapas de metal.
“Não deviam dar telhas e mais barracas, deviam dar casas às pessoas”, pediu a familiar de um morador, contando que mais de 20 casais tiveram de levar as crianças para o hospital para procurarem abrigo e “não morrerem debaixo desta miséria”.
Segundo a mulher, que tem um filho a viver nestas barracas, “as chapas andavam em cima das crianças”, com o risco “de as crianças morrerem”.
Presidente manifestou disponibilidade do município para a ajuda na reconstrução de algumas casas
De acordo com o presidente da Câmara de Faro, o vento “passou ao lado” daquele acampamento e não há “grandes danos em termos de casas”, ao contrário da intempérie registada em 2012, em que todo o acampamento “ficou totalmente destruído”.
“Espero um dia ter soluções, que não serão de imediato para todas as comunidades [ciganas], mas para algumas em que se impõe uma certa prioridade”, disse Rogério Bacalhau, calculando em “uma dúzia” o número de comunidades naquelas circunstâncias no concelho.
O presidente manifestou disponibilidade do município para a ajuda na reconstrução de algumas casas, mas notou que existe uma “carência muito grande de habitação social”, não havendo construção de fogos sociais em Faro “há mais de 30 anos”.
Segundo Rogério Bacalhau, a lista de espera de pessoas que precisam de casa de habitação social é “muito grande” e, provavelmente ainda este mês, vai ser lançado um concurso para atribuir casas que venham a ficar vagas este ano.
“Nós não temos uma solução nem para esta comunidade, nem para as restantes, estamos a analisar essa questão para o futuro”, indicou.
Além desta comunidade, há a registar três desalojados na freguesia do Montenegro – um casal que, entretanto, já foi realojado numa estalagem na Praia de Faro -, e uma mulher, que ficou na casa do filho.