Acorda-se.
Acorda-se cedo, depressa, o mais rapidamente possível, aos primeiros sinais!
E salta-se para fora desse barco sem dar a mais pequena hipótese de desculpas, emendas ou eventuais redenções.
Sai-se dessa história enquanto a personagem agressora ainda não se estendeu demais (na agressão qualquer pequena vírgula já é um testamento) e enquanto a personagem vítima ainda se consegue valer a si mesma.
Como se luta contra a violência doméstica?
Com rapidez! Com urgência! Logo ao início!
Luta-se aos primeiros sinais do “quero-te só para mim”, do “amo-te demais”, do “se me deixares eu mato-me!”
Luta-se fazendo um esforço consciente para compreender que o amor alimenta, constrói, cura e liberta, e tudo o que não conduzir a isto não é, de todo, amor; é apenas um cancro a erradicar prontamente.
Luta-se abrindo os olhos e percebendo que mais vale só do que com quem consegue sugar ao outro toda a sua energia vital, todo o seu brilho e esplendor, toda sua ligação à própria essência.
Como se luta contra a violência doméstica?
Não nos calando quando a vemos acontecer com familiares e amigos; não sendo coniventes com comportamentos possessivos, humilhantes e asquerosos, que os separam do mundo para os unir ao seu algoz.
Há muitos para quem a violência doméstica é uma realidade que, de tanto acharem que não lhe conseguem escapar, acabam por achar normal.
Mas não é: não há nada mais anormal e aberrante do que prisões disfarçadas de amor!