Há quem já vislumbre uma luz ao fundo do túnel, mas ainda é cedo para lançar foguetes. No turismo, a Páscoa está perdida e a recuperação só chegará se a pandemia deixar. As empresas estão com a corda na garganta e o desemprego é avassalador.
Não há memória de um ano como o que passou e este não promete muito mais. Os apoios às empresas e ao setor tardam, e a retoma, sem garantias de continuidade, só virá timidamente a partir do segundo semestre ou mais tarde. O que significa que o verão é para esquecer, ou pelo menos, andará ainda muito longe de uma desejada recuperação. Nas entrevistas que hoje publicamos, a opinião é unânime: não há memória de uma crise com esta dimensão.
Mas, por vezes, é das situações de crise que nascem novas oportunidades. E se a dependência quase exclusiva da economia do Algarve da monocultura do turismo apontava para uma situação como a que agora assistimos, a verdade é que ao longo de décadas – apesar dos alertas – se continuou a assobiar para o lado.
O Algarve confronta-se, mais uma vez, com este desafio: deixar tudo na mesma fingindo que nada aconteceu e continuar a ficar dependente da galinha dos ovos de ouro, dos mercados, da próxima crise viral, dos ventos e tempestades, ou arregaçar as mangas, atalhar caminhos, planear, diversificar a sua base produtiva e pensar um futuro sustentável.
Começa a faltar o tempo para as decisões eternamente adiadas.