A principal associação hoteleira do Algarve pediu esta quarta-feira, 17 de abril, uma “atenção especial” para a região para evitar cancelamentos de reservas durante a Páscoa devido à greve no transporte de combustíveis, advertindo que esse cenário é igualmente prejudicial para o país.
O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, disse estar a acompanhar a greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas e o consequente desabastecimento aos postos de combustíveis com “muita expectativa, mas, sobretudo, com muita preocupação”, porque a região quase triplica a sua população durante a Páscoa.
“A greve, já por si, contribuiria para causar danos e prejuízos enormes, mas acho que não houve aqui o cuidado suficiente para acautelar alguns aspetos que, para nós, seriam relevantes como, por exemplo, a questão dos serviços mínimos, que foram restringidos a Lisboa e ao Porto”, criticou Elidérico Viegas.
O dirigente da associação hoteleira algarvia considerou que a decisão de apenas prever como serviços mínimos o abastecimento de 40% em Lisboa e Porto, deixando de fora o resto do país, faz “parecer que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”.
“Não foi tida em conta também a situação do Algarve, que é, neste período do ano, um caso muito específico e especial, uma vez que, além dos 450 mil residentes normais, temos que contar que, nesta altura, estarão na região ou irão para a região cerca de um milhão de pessoas ou mais”, afirmou.
Elidérico Viegas mostrou satisfação por se ter salvaguardado a questão do Aeroporto de Faro
Elidérico Viegas mostrou satisfação por se ter “salvaguardado, e bem, a questão do aeroporto” de Faro, para evitar que deixasse de haver combustível para os aviões, mas lamentou que “depois não se tenha salvaguardado a deslocação das pessoas do aeroporto para os hotéis e dos hotéis para o aeroporto”.
“Deve-se alargar não apenas os serviços mínimos ao resto do país, e nomeadamente ao Algarve, mas deve haver relativamente à região uma atenção especial, atendendo a esta realidade que não é normalmente considerada, mas que é muito importante, não só para os hoteleiros e o Algarve, mas também para o país”, apelou.
Questionado sobre se já houve cancelamento de reservas devido à falta de combustíveis que se começa a instalar por todo o país e que já levou ao desabastecimento de mais de um milhar de postos de combustível portugueses, Elidérico Viegas respondeu que “ainda não”, mas admitiu que, caso esta situação se prolongue, ela vá ter reflexos em cancelamentos”.
“Sobretudo por parte de nacionais e de espanhóis, porque são aqueles que se deslocam em viatura própria”, precisou, frisando que “os nacionais são quem mais procura a região nesta altura do ano” e, “caso isto se prolongue e não haja garantias se uma solução rápida”, acabarão por “não ir de férias para o Algarve”.
Recorde-se que a greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.
No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, foram definidos os serviços mínimos.
(CM)