O Telescópio Espacial Hubble celebra a temporada assustadora de Halloween com uma intricada teia de galáxias unidas por um segredo obscuro: o aglomerado de galáxias Abell 611, localizado a cerca de 3,2 mil milhões de anos-luz da Terra, cuja existência representa um mistério para os astrónomos.
Como todos os aglomerados de galáxias, a existência de Abell 611 representa um mistério para os astrónomos – não parece haver massa suficiente nas suas galáxias para que permaneça inteiro. Estas galáxias giram rápida e incessantemente para evitar que o aglomerado se desfaça.
Este é um problema já bem estabelecido na astronomia no que respeita a estruturas muito massivas, como galáxias e aglomerados de galáxias – porque não parecem conter massa combinada suficiente para permanecerem inteiros. Mas esse problema não se apresenta em escalas cósmicas menores, questão que intriga os cientistas.
A teoria predominante é que o Universo contém grandes quantidades de uma substância conhecida como matéria negra.
Hoje em dia, acredita-se que todas as galáxias e aglomerados de galáxias sejam dominados pela matéria negra – numa quantidade que os astrónomos ainda não conseguiram determinar. Abell 611 não é exceção.
Este aglomerado é muito estudado pelos astrónomos para investigar a matéria negra, em parte por causa dos numerosos exemplos de lentes gravitacionais fortes visíveis entre a intrincada teia de galáxias.
O que é matéria negra
Embora o nome pareça ameaçador, a verdade é que o termo “negro” (ou “escuro”) é usado porque não parece interagir com a luz como outras matérias – não emite, não reflete, não absorve qualquer parte do espectro eletromagnético – o que faz com que a substância seja difícil de caracterizar.
Há várias hipóteses, mas a maioria dos candidatos a matéria negra enquadra-se numa de duas categorias:
- algum tipo de partícula que existe em grandes quantidades em todo o Universo, mas que por algum motivo não interage com a luz como outras partículas
- algum tipo de objeto massivo que também existe em grande abundância em todo o Universo, mas que não é possível de detetar usando a atual tecnologia de telescópios.
Apesar de difícil de definir, a matéria negra é facilmente quantificável, segundo os astrónomos.
“Aglomerados de galáxias como Abell 611 são laboratórios ideais para a quantificação da matéria escura, devido à abundante evidência do efeito lente gravitacional visível dentro do aglomerado. Um exemplo deste fenómeno é claramente visível no centro da imagem, à esquerda do núcleo brilhante do aglomerado, onde pode ser vista uma curva de luz . Esta curva é a luz de uma fonte mais distante que foi dobrada e distorcida pela vasta massa de Abell 611 e é a medida em que a luz foi dobrada pelo aglomerado que é usada para medir a sua verdadeira massa. Isso pode então ser comparado com uma estimativa da sua massa a partir de todos os componentes visíveis do aglomerado”.
Atualmente estima-se que cerca de 85% da matéria no Universo é matéria negra.
- O que são buracos negros
São corpos extremamente densos e escuros no centro das galáxias de onde nada escapa, nem mesmo a luz.
A deformação do espaço-tempo provocada por um buraco negro é descrita pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
E mesmo que permaneça o mistério do que mantém a teia cósmica de galáxias dentro de Abell 611, temos sempre o privilégio de apreciar belas imagens captadas pelo Hubble.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL