Foi através de câmaras amarradas em tubarões que cientistas descobriram a maior floresta de ervas marinhas do mundo, num ecossistema ainda muito desconhecido pelo ser humano. Numa altura em que o nosso planeta luta contra uma enorme crise climática, foi descoberto este paraíso aquático e, curiosamente, com a ajuda de moradores do oceano.
Os escolhidos foram os tubarões-tigre das Bahamas, uma espécie perigosa que pode medir até cerca de 6 metros de comprimento. Os cientistas colocaram câmaras e sensores de localização nas suas barbatas dorsais, o que lhes deu acesso a vastas horas de imagens do fundo do oceano, captadas por sete tubarões.
No estudo publicado na Nature Communications, os cientistas, ao analisarem as imagens, concluíram que este prado de ervas marinhas no mar do Caribe, nas Bahamas, se estende até 92.000 Km2, o que fez aumentar em mais de 40% a cobertura de ervas marinhas a uma escala global. As ervas marinhas dão alimentação a muitas espécies do oceano e protegem a erosão da costa.
Estes prados são pouco investigados pela ciência por obrigarem a uma grande logística e custos, já que é preciso a utilização de barcos, mergulhadores, máquinas fotográficas próprias e o difícil trabalho de nadar por águas, por vezes, demasiado profundas para o ser humano. Estima-se que a área global abrangida por estes prados de ervas marinhas esteja em cerca de 160.000 Km2, mas a maior parte não é captada pelos aviões satélites.
Dez minutos para prender as câmaras a cada tubarão, atadas com fios que passado 6 horas são dissolvidos e o material vem ao cimo de água pelas suas boias biodegradáveis.
Foi descoberto este enorme paraíso verde debaixo de água, mas estima-se que cerca de 7% das ervas marinhas são perdidas a cada ano que passa, por isso os cientistas que levaram a cabo este estudo esperam que ele alerte para uma maior proteção dos ecossistemas costeiros.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL