A China enviou a segunda maior frota – a seguir aos Estados Unidos – para as maiores manobras navais do mundo, nas quais participa pela primeira vez, procurando um novo modelo de cooperação em matéria de defesa com Washington.
O contingente chinês inclui, entre outros, o contratorpedeiro “Haikou”, a fragata de mísseis “Yueyang” e o navio-hospital “Arca da Paz”, com o número de oficiais e soldados que participam nas manobras a ascender 1.100 soldados, de acordo com a agência Xinhua.
Os exercícios navais, que arrancam hoje e se prolongam até 1 de agosto, contam com 47 navios, seis submarinos e mais de 200 aeronaves, a somar a 26 mil soldados provenientes de 23 países.
A primeira operação “Rimpac” remonta a 1971 e desde então realiza-se de dois em dois anos, no Havai, sob o comando da Frota do Pacífico da Armada dos Estados Unidos que têm o seu quartel-general em Pearl Harbor.
A `estreia` do Exército de Libertação Nacional nos exercícios navais faz “parte dos esforços para o estabelecimento de um novo modelo de contactos” entre as duas maiores potências do mundo e as suas forças armadas, realçou o sub-comandante da Marinha chinesa Xu Hongmeng, em declarações à agência Xinhua.
Os contactos entre o exército chinês e o norte-americano ganharam um novo impulso no ano passado, com a organização de encontros de alto nível em ambos os países e algumas manobras conjuntas, pelo que a participação no exercício naval no Havai visa dar continuidade a esses esforços.
“A Marinha chinesa está a aberta à cooperação internacional. Actualmente, existem fricções entre a China e os Estados Unidos (…) mas aceitamos o convite dos Estados Unidos para participar nas `Rimpac` porque é natural haver divergências”, assinalou o capitão Zhang Junshe, aludindo aos conflitos relativamente à segurança informática e às disputas territoriais que a China mantém com países vizinhos aliados de Washington, como o Japão e a Coreia do Sul.
“Apenas a comunicação e a cooperação poderá aproximar-nos nas divergências”, realçou o também vice-presidente do Instituto de Investigação Naval.
Além do impulso às relações com Washington, Pequim também vê os exercícios navais como uma oportunidade para se aproximar dos seus vizinhos do Sudeste Asiático e para enviar uma “mensagem de paz”.
“As manobras demonstram a iniciativa chinesa em contribuir para a segurança regional”, referia uma análise publicada pela agência oficial chinesa, em que se assinalava que “isso requer esforços por parte da China e dos Estados Unidos com vista à criação de confiança”.
Contudo, ainda há caminho a percorrer a esse nível, segundo apontava a Xinhua, que fazia referência ao recente relatório do Pentágono que colocava em causa a transparência militar da China e que, segundo Pequim, “exagerava as tensões entre a China e os seus vizinhos no âmbito das disputas marítimas”.
(Agência Lusa)