Quem o viveu não esquece. O dia 3 de Dezembro de 1989 ficaria na memória dos tavirenses e dos algarvios como uma marca difícil de apagar, depois de colossais – que não há outro termo – cheias terem entrado Gilão adentro e destruído muito do que a cidade tinha em grande parte das zonas ribeirinhas.
Sem mortes o dia seguinte acordou com um cenário de destruição que afectaria a cidade por meses. A ponte romana, ex-libris tavirense tinha sucumbido à força da enchente e de tudo o que as águas arrastaram desde a serra até à cidade correndo desenfreadas pelo Sécua abaixo. Patente fica a destruição na foto do jornalista e colaborador do POSTAL, já falecido, Geraldo de Jesus.
Só em 1990 seria instalada a ponte militar que ainda hoje se mantém em Tavira ligando as duas margens do Gilão, tendo mais tarde avançado as obras de recuperação da ponte romana.
Em pleno centro de Tavira as amuradas que contêm o rio cederam à brutalidade dos embates e à força da corrente que escavou o leito do rio deixando as paredes sem apoio.
As lojas da baixa com água quase a cobrir as portas estavam destruídas e as habitações térreas irreconhecíveis com a lama a ser a última testemunha da força desenfreada de um fenómeno meteorológico extremo.
Na serra a precipitação ditara o destino da cidade de Tavira e simultaneamente sujeitou as gentes da cidade a uma prova de fogo que a ajuda entre vizinhos e a intervenção dos meios de socorro superou.