O Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS), em Olhão, iniciou uma campanha de angariação de fundos para cuidar das pequenas crias de aves e mamíferos que recebe durante a primavera e o verão.
“Está a aproximar-se a época de mais trabalho do RIAS, altura em que recebemos mais crias – na primavera e no verão – e como são animais que precisam de muita dedicação precisamos de aumentar a equipa”, disse à Lusa a coordenadora do RIAS.
Fábia Azevedo adiantou que as crias representam “10% dos animais recolhidos no centro, 300 por ano”, mas implicam um tratamento intensivo, que no caso dos mamíferos – ouriços-cacheiros, lontras, ginetas, morcegos – envolve uma alimentação “24 horas por dia”.
As necessidades nutritivas destes animais implicam “um gasto extra”, já que é necessário adquirir “rações especiais e insetos vivos”, realçou.
Os apoios à campanha “Ajude a salvar as crias de animais selvagens”, que pretende atingir os 3.200 euros, podem ser feitos através da plataforma de ‘crowdfunding’ PPL – em ppl.pt/causas/rias – e implicam uma recompensa que, dependendo do valor doado, pode ser a fotografia digital de um dos pacientes com uma nota de agradecimento, um convite para a libertação de um animal ou mesmo uma visita ao centro, entre outros.
A bióloga sublinhou que as contribuições devem ser feitas apenas através da plataforma – e não diretamente para o RIAS –. já que este tipo de campanhas implica que o valor solicitado seja atingido para que possa ser recebido.
Todos os anos o RIAS tem a necessidade de contratar pessoas para cuidar especificamente das crias, mas a pandemia de covid-19 dificultou a obtenção dos habituais donativos nas libertações de animais.
Os visitantes do centro no parque de Marim, em Olhão, eram “outra fonte de rendimento”, algo que deixou de acontecer desde o início da pandemia, em março de 2020.
“Como já não temos esses momentos há um ano, o orçamento que temos para esta altura do ano não é suficiente”, indicou a coordenadora.
Desde 2009 que o RIAS é responsável pela gestão do Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, localizado em pleno Parque Natural da Ria Formosa.
O funcionamento é garantido pelo apoio do Aeroporto de Faro, “reduzido em 50% em 2020”, para 20.000 euros, e compensado em parte pelas “contribuições de quase todas as câmaras municipais algarvias”.
Em 12 anos o centro já recolheu mais de 15.000 animais e 2020 foi o ano mais trabalhoso, com mais de 3.000 acolhimentos. Os primeiros três meses de 2021 seguem o mesmo caminho, com “quase 900 animais” entregues, notou Fábia Azevedo.