Através de um projeto de resolução, cujo primeiro subscritor é o deputado João Pinho de Almeida, os deputados do partido popular querem que a Assembleia da República recomende ao Governo a criação de métodos eficientes que permitam resultados mais rápidos das análises realizadas às águas onde ocorre a tradicional pesca de bivalves.
Para além disto, os deputados querem ainda que seja estabelecido um dia fixo para a divulgação dos mesmos, no sentido em que seja possível aos mariscadores um planeamento da sua atividade, sem provocar prejuízos avultados no seu sustento diário.
Recorde-se ainda que o Estado de Emergência afetou gravemente os pescadores artesanais, entre estes, os mariscadores, que fazem do seu modo de vida a apanha de bivalves.
Na zona de pesca artesanal da Ria de Aveiro, o maior consumidor é o mercado espanhol. Mas a situação quase catastrófica que se tem vivido no país vizinho, sem que se tenha perspetiva de diminuição da pandemia, deixou os mariscadores da Ria de Aveiro sem grande parte do trabalho que tinham.
A retoma tem, por isso, sido lenta e difícil. Mas se neste cenário, sobreviver é o dia a dia para estes homens e mulheres, que diariamente enfrentam a escassez de recursos, colocando em causa a sobrevivência de centenas de famílias, acresce agora o problema com o desfasamento na divulgação, por parte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), dos resultados das análises realizadas às águas onde é permitida a pesca tradicional de bivalves.
Nas últimas semanas têm sido recorrentes as queixas dos mariscadores, nomeadamente os de Aveiro, que se mostram revoltados com a forma como a apanha e a comercialização de bivalves tem sido interditada pelas autoridades. Nas várias declarações que têm sido feitas, queixam-se de que os resultados das análises só são divulgados depois de já terem apanhado e comercializado o produto.
Esta situação, além dos prejuízos que origina à comunidade, representa também uma elevada mortandade de recursos naturais, já que os bivalves são devolvidos à Ria, mas muitos deles já mortos.
As análises do IPMA às águas da Ria de Aveiro são realizadas com periodicidade semanal. Mas como os resultados podem demorar até 72 horas, são normalmente divulgados ao fim do dia e obrigam a deitar fora toda a apanha feita naquele dia.
Apesar de esta não ser uma situação nova, ultimamente tem acontecido com uma frequência maior e, depois de tudo o que este ano tem representado, tem contribuído, ainda mais, para a situação preocupante de todas as famílias que têm na pesca artesanal o seu sustento, já que na maioria das vezes são os pescadores que arcam com o prejuízo.
Só na zona de Aveiro, estima-se que existam cerca de 400 embarcações dedicadas à pesca tradicional.
Simultaneamente, o deputado João Pinho de Almeida questionou o ministro do Mar sobre o mesmo assunto.