O Tribunal de Faro condenou esta sexta-feira a prisão efetiva um casal, o homem a nove anos e seis meses e a mulher a nove anos, por assaltos violentos no verão de 2022 a estações de serviço no Algarve.
Sidney Pereira e Nélida Alves, de 44 e 42 anos, foram condenados, em coautoria, por três crimes de roubo agravado, três crimes de sequestro, dois crimes de falsificação de documentos, um crime de dano simples e um crime de detenção de arma proibida.
O arguido foi também condenado por um crime de dano qualificado e a arguida por um crime de condução sem habilitação legal.
O casal foi condenado por um total de 11 crimes cada, de cujo cúmulo jurídico resultaram penas de prisão efetiva de nove anos e seis meses para Sidney Pereira e de nove anos para Nélida Alves.
O casal foi absolvido de um crime de roubo agravado e o arguido absolvido de um crime de condução perigosa.
Os arguidos, apelidados pela imprensa de ‘Bonnie & Clyde’ portugueses, assaltaram várias estações de serviço no Algarve, tendo ameaçado os funcionários com uma faca e uma pistola, que se veio depois a apurar ser de alarme, e sequestrado três deles.
Na leitura do acórdão, a presidente do coletivo de juízes que julgou o caso considerou que os arguidos, ambos com antecedentes criminais, cometeram “crimes graves” que “puseram em causa a segurança das populações”, tendo sido valorado o depoimento das testemunhas, “ao encontro” do que foi sendo dito pelo casal, que admitiu os crimes, justificando-os com o consumo de drogas.
“Nem o alarme social demoveu os arguidos de, consecutivamente, colocarem em causa” a segurança das pessoas, disse a juíza, sobre factos ocorridos entre 25 de julho e 01 de agosto de 2022, em vários locais do Algarve, salientando que o tribunal “não sabe” se as notícias divulgadas na comunicação social “incentivaram” o casal à prática continuada de crimes.
O primeiro caso aconteceu na noite de 25 de julho, num posto de combustível em Estoi, Faro, e o segundo dois dias depois, também à noite, em Lagos, assalto em que o casal obrigou o funcionário do posto a seguir com eles na sua própria viatura após terem consumado o roubo.
Na noite de 27 de julho, a GNR e a PJ tentaram montar um cerco aos suspeitos numa estrada perto de Bensafrim, em Lagos, para detê-los, mas o casal conseguiu fugir.
Na noite de 01 de agosto, o casal realizou um novo assalto a um posto em Almancil, Loulé, tendo Sidney ameaçado duas funcionárias com a arma e falado em espanhol, enquanto Nélida empunhava uma faca.
O casal ordenou depois às funcionárias que se fechassem dentro da casa de banho durante quinze minutos e fugiu.
Sidney Pereira e Nélida Alves, que vão manter-se em prisão preventiva, foram ainda condenados a pagar, solidariamente, 1.000 euros a um cliente ferido com escoriações no caso de Estoi e 3.400 euros ao funcionário sequestrado no segundo caso.
A juíza pediu aos arguidos para que “alterem a conduta evidenciada há muitos anos”, que relacionou com o consumo de drogas, sublinhando que, “sem erradicarem essa dependência, não será possível integrarem-se na sociedade”.
O advogado de Sidney Pereira, Carvalhinho Correia, disse aos jornalistas que a pena aplicada ao arguido foi “razoável, adequada e justa”, e informou que, em relação ao seu cliente, não será apresentado recurso.
Depois dos assaltos no Algarve, o casal cruzou a fronteira para Espanha, em Ayamonte, onde prosseguiu os assaltos violentos a estações de serviço em Sevilha, Badajoz e Toledo, usando sempre o mesmo ‘modus operandi’ de intimidação dos funcionários com uma arma e uma faca.
Sidney e Nélida foram detidos em Zamora, em 13 de agosto de 2022, na sequência da denúncia de um cidadão que, ao reconhecer os suspeitos num centro comercial alertou a Guardia Civil.
Nessa altura, os suspeitos deslocavam-se num carro que tinham roubado em Madrid e foram presos quando jantavam no interior da viatura, tendo sido cercados por agentes da Polícia Nacional, que os deteve sem que oferecessem resistência.
Leia também: Fica em Portugal um dos lugares secretos mais bonitos da Europa