Durante séculos, a criação de um mapa-mundo preciso foi um desafio que os cartógrafos enfrentaram sem conseguir resolver completamente. No entanto, um novo design promete mudar essa realidade, corrigindo as distorções que marcaram os mapas até hoje.
Num estudo recentemente publicado no International Journal of Geographical Information Science, os cartógrafos Tom Patterson, Bojan Savric e Bernhard Jenny apresentaram uma solução inovadora para um problema que perdurava há gerações: a criação de um mapa-mundo que represente fielmente tanto o tamanho como a forma das massas terrestres da Terra.
Quem já observou um mapa-mundo tradicional, como a famosa projeção de Mercator, criada em 1569 pelo cartógrafo flamengo Gerardus Mercator, deve ter notado que há distorções significativas na forma como os continentes são representados. Este mapa, amplamente utilizado devido à sua capacidade de preservar ângulos e formas, tem uma falha notável: distorce gravemente o tamanho das terras, especialmente aquelas mais distantes do equador.
Este problema é amplamente conhecido como o “problema da Gronelândia”. Em mapas de Mercator, a Gronelândia parece ter um tamanho comparável ao de África, quando na realidade, África é cerca de 14 vezes maior. Esta discrepância não é apenas uma curiosidade técnica, mas tem sido apontada como um reflexo de preconceitos culturais.
Segundo o The Economist, a popularidade da projeção de Mercator pode ser atribuída ao facto de esta representar os países do norte da Europa de forma desproporcionalmente grande, sugerindo uma posição de maior poder e influência em relação às nações do hemisfério sul. Este argumento foi levado mais longe pelo historiador alemão Arno Peters, que propôs a projeção de Gall-Peters como alternativa. Este mapa, ao contrário do de Mercator, retrata com precisão o tamanho das massas de terra, mas em contrapartida, distorce as formas dos continentes.
Diante da escolha entre precisão de tamanho ou de forma, parecia que a humanidade estava destinada a aceitar sempre um compromisso. No entanto, Patterson e a sua equipa propuseram uma solução que pretende conciliar os dois aspetos: o mapa ‘Equal Earth’.
Inspirado na projeção Robinson de 1963, que já tinha sido considerada “altamente adequada” pela National Geographic Society, o ‘Equal Earth’ mantém a estética equilibrada dessa projeção, mas com uma atualização crucial: “Ao contrário da projeção Robinson, mantém o tamanho relativo das áreas”, conforme sublinhado pelos autores do estudo.
O resultado é um mapa que promete ser o mais fiel até agora, conseguindo representar simultaneamente o tamanho e a forma das massas terrestres de maneira precisa, superando assim os problemas das projeções anteriores.
Com o Equal Earth (abrir link para ter acesso), os cartógrafos Patterson, Savric e Jenny não só resolveram um desafio de séculos, como também ofereceram uma nova ferramenta para compreender melhor o mundo em que vivemos. Esta inovação representa um avanço significativo na cartografia, proporcionando uma visão mais justa e precisa do nosso planeta.
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