A presidente da Câmara de Lagos, Joaquina Matos, considerou hoje ilegítima a suspensão pela Quercus da classificação de “Qualidade de Ouro” da praia Dona Ana, por ser um galardão que assenta na qualidade da água.
Em declarações à Lusa, a autarca disse ter ficado surpreendida com a decisão da Quercus, que “tem toda a legitimidade para tomar uma posição”, mas ressalvou que “retirar o galardão de ‘Qualidade de ouro” à praia com base nas obras que aí decorreram já não me parece legítima, uma vez que essa atribuição decorre da qualidade da água da praia e [essa] mantém-se muito boa”.
Sobre se a Câmara Municipal responderia à suspensão, Joaquina Matos disse que era algo a pensar, mas frisou que a autarquia está “cheia de trabalho”.
A presidente da Câmara de Lagos reconheceu que, com as obras efectuadas, “a praia perdeu algumas das suas características, mas daqui a uns meses a natureza se encarregará de repor a situação anterior”.
“A praia está cheia de utentes, é uma praia magnífica e é uma praia segura do município de Lagos em que os veraneantes estão em segurança”, salientou a autarca.
Coordenadora do programa Bandeira Azul também estranhou a decisão da Quercus
A Quercus anunciou ontem que suspendeu a classificação “Qualidade de Ouro” atribuída à praia de Dona Ana, em Lagos, considerando que as obras realizadas comprometeram o equilíbrio ambiental e paisagístico que fundamentam a atribuição deste galardão.
A coordenadora do programa Bandeira Azul, Catarina Gonçalves, estranhou a decisão da Quercus, uma vez que a atribuição daquele título é, como reconhece a própria associação, “exclusivamente baseada na análise à qualidade da água realizada pela Agência Portuguesa do Ambiente”.
A Quercus salientou, por seu lado, que “não pode deixar de tomar em conta” acontecimentos que colocam em causa o equilíbrio ambiental e paisagístico.
“Outros casos excepcionais como este serão devidamente analisados, no sentido de se ponderar semelhantes suspensões do galardão atribuído”, acrescentou.
Em causa estão as intervenções recentes realizadas na praia por decisão governamental, que compreenderam a recarga artificial de areia, numa extensão de 40 metros, a construção de um esporão para reter sedimentos e a consolidação de arribas.
(Agência Lusa)