A Câmara de Faro quer auscultar a população residente e os utilizadores das infra-estruturas e valências do concelho sobre as questões relacionadas com a mobilidade. Para isso a autarquia abriu ontem ao público um micro-site na internet onde os cidadãos são convidados a responder a um questionário sobre mobilidade e a apresentarem propostas relacionadas com esta temática.
A audição da população está enquadrada na segunda fase de desenvolvimento do Plano de Mobilidade e Transportes (PMT) que a Câmara liderada por Rogério Bacalhau está a desenvolver desde há quatro anos e que “estará concluído em finais de 2016 ou início de 2017”, referiu ao POSTAL Paula Teles, a responsável pela empresa que com os técnicos da autarquia está a desenvolver o PMT.
A participação da população
Apresentado ontem numa sessão que garantiu casa cheia no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o no micro-site pode ser acedido a partir de um atalho no portal do município (coluna da direita) ou directamente (AQUI) e disponibiliza informação geral sobre o PMT, além de ferramentas amigáveis de participação na auscultação pública.
Uma das ferramentas de participação é um questionário, destinado a permitir traçar um perfil das necessidades do conselho ao nível de transportes e mobilidade em geral a partir de uma amostra representativa da população.
Paula Teles realça “a importância” da participação neste questionário, porque quanto maior for a amostra – o número de pessoas participantes – “melhores serão as conclusões e dados obtidos a partir deste instrumento de participação pública”.
De facto aqui a opinião de cada um dos munícipes e utilizadores da cidade e do concelho é de grande valia e, além de anónimo, o preenchimento é fácil e rápido.
Por outro lado, os cidadãos podem dar a sua opinião e fazer propostas através de e-mail, garantindo a equipa liderada por Paula Teles a resposta a todos dentro do possível.
O que se pretende com o Plano de Mobilidade e Transportes
O plano pretende ser uma ferramenta de trabalho central no processo de decisão política, munindo a Câmara – técnicos e políticos – de dados concretos sobre a situação da mobilidade e dos transportes capazes de sustentar as escolhas da autarquia, quer em matéria de criação de projectos para a mobilidade, quer na formatação dos actuais projectos e intervenções no concelho, de acordo com uma visão estratégica em matéria de mobilidade.
Rogério Bacalhau, presidente da autarquia, realça que “o PMT permitirá decidir não só para o futuro, mas também determinar desde já, no que se está a fazer, melhores soluções para ajudar à mobilidade”.
“Este não é um plano meu ou da actual Câmara, é um instrumento de trabalho que ficará para sempre e ajudará a autarquia em permanência, no futuro, a decidir o que é mais prioritário e melhor para a cidade e para o concelho nestas matérias”, reforça o autarca que investiu 30 mil euros para dotar Faro de uma ferramenta de estratégia de médio e longo prazo fundamental.
Há quatro anos em desenvolvimento, o trabalho iniciou-se com um exaustivo levantamento da realidade do concelho em termos de mobilidade e entra agora na fase em que ouvir a população é essencial para a elaboração de cenários. A fase final conterá cenários finais e soluções para guiar a autarquia no sentido das melhores soluções.
Principais protagonistas do concelho foram ouvidos ontem
Ontem à tarde vários grupos de trabalho foram criados para analisarem as áreas de segurança, trânsito e protecção civil; mobilidade, transportes e infra-estruturas; comércio e serviços; saúde e inclusão social; turismo e ambiente e desporto e educação.
Em cada mesa de trabalho marcaram presença os principais actores locais ligados a cada sector e fizeram ouvir as suas opiniões relativamente às questões de mobilidade e a sua relevância para cada segmento.
O que é afinal a mobilidade e o que se ganha com ela
A mobilidade, uma das estratégias fundamentais das políticas europeias para o horizonte 2020, não se encerra na capacidade e funcionalidade da mobilidade das pessoas num determinado quadro espacial e temporal. É antes um elemento fundamental para a sociedade e para a economia, poupando dinheiro e tempo, aumentando a disponibilidade familiar e laboral e, bem assim, a coesão social.
Mais mobilidade é sinónimo de melhor qualidade de vida, melhor ambiente e melhor eficiência geral na vida do dia-a-dia de pessoas, instituições e empresas, ganhando todos com o que se poupa e com o que se ganha em áreas tão diversas como a saúde, a economia e finanças, a família e o convívio social, ou a integração de pessoas com dificuldades físicas ou outras, a competitividade, o turismo, a solidariedade social e, porque não dizê-lo, com o que ganha na própria felicidade.
Um território com elevada mobilidade é um território mais amigável para quem o vive e nele faz a sua vida e participa de forma exponencial na felicidade de quem o usa diariamente. Pense quanto poderia fazer com o tempo poupado se uma ida ao trabalho, ao supermercado ou à escola dos seus filhos demora-se metade do tempo? Ou como seria útil ter percursos pedonais acessíveis para cadeiras de rodas, carrinhos de bebé, pessoas com mobilidade reduzida ou, mesmo , para senhoras de salto alto? Tudo isto e muito mais é também mobilidade.
São Brás de Alportel aqui mesmo perto de Faro é, à escala, uma resposta prática e real a muitas destas questões, como o postal já noticiou, e valeu mesmo à vila serrana destaque nacional, há pouco tempo, com a secretária de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência, Sofia Antunes, a realçar as opções estratégicas tomadas naquele concelho e considerando São Brás um exemplo a seguir.