A Brigada Estudantil denunciou hoje a falta de condições nas residências do serviço de ação social da Universidade de Lisboa onde vivem estudantes infetados com o vírus SARS-COV 2 e exigiu uma resposta que salvaguarde a sua saúde.
Para denunciar a situação, a Brigada Estudantil, “um grupo de coletivos de estudantes que procura trazer para as ruas, para os movimentos e para as lutas uma visão coesa e determinada do movimento estudantil”, vai estar hoje às 17:00 na Cantina Velha, nos serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa.
Em declarações à agência Lusa Andreia Galvão, membro da Brigada Estudantil, contou que o grupo tem recebido vários testemunhos de alunos que estão em residências e que alertaram para a forma como estão a ser tratados pela administração dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa (SAS-UL), especialmente de alunos infetados.
“Os estudantes relatam-nos que quando começaram o seu confinamento foram encaminhados para Pousadas da Juventude e que estas não têm condições para os albergar. Muitos dizem que os quartos são partilhados com outros estudantes infetados, que são muito pequenos e sem condições para poderem prosseguir os seus estudos com normalidade”, disse.
Os estudantes, segundo Andreia Galvão, têm também denunciado, além das fracas condições de habitabilidade, que não lhes são disponibilizadas condições materiais para assistirem às aulas “com a maior normalidade possível”.
De acordo com Andreia Galvão, os estudantes queixam-se que não lhes é fornecida ligação à internet estável e com abertura de banda suficiente
“Quando estes alunos se queixaram desta situação foi-lhes dito que poderiam assistir às aulas à distância no chão do corredor”, disse.
Segundo a Brigada Estudantil, não estarão também a ser respeitadas as restrições alimentares de alguns alunos com intolerâncias à lactose e glúten – o que pode seriamente condicionar a sua saúde – e a comida vem sempre fria, não havendo forma de a aquecer no local.
“O principal objetivo da ação é fazer uma denúncia da ação falhada dos serviços da ação social que é especialmente grave tendo em conta o contexto de pandemia em que vivemos. Os alunos que estão infetados têm de partilhar quartos que não têm as condições necessárias para a sua existência quanto mais para o prosseguimento dos seus estudos”, sublinhou.
“Também queremos denunciar a falta de alojamento estudantil que é crónica no nosso ensino superior, sendo que estes alunos foram realojados em Pousadas da Juventude porque não havia outros espaços. Estamos a falar de Lisboa em específico, mas na verdade temos recebido várias respostas em relação a este caso e sabemos que isto já se passou várias vezes no país”, disse.
Neste caso específico de Lisboa, contou Andreia Galvão, os estudantes contactaram a linha de Saúde 24, reportando as condições em que vivem, ao que lhes foi dito que as mesmas eram ilegais.
“Os alunos confrontaram as entidades responsáveis, ao que lhes foi dito que o protocolo de quarentena teria sido verificado e assinado por um delegado de saúde, mas até hoje estão à espera de ter acesso a esse documento”, disse.
Por isso, a Brigada Estudantil exige uma resposta imediata para estes estudantes afetados pela pandemia, que salvaguarde os seus estados de saúde e performances académicas.
“A ação que vamos ter hoje é muito simbólica devido ao período em que vivemos. Mas vão estar algumas pessoas para falar sobre este assunto, tirar fotos dos cartazes e publicar nas nossas redes sociais”, disse Andreia Galvão.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.181 pessoas dos 99.911 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.