Chamam-lhe Ouro Branco e há registos de que a extração de sal em Castro Marim terá começado com os fenícios, no século VIII A.C. com o objetivo de ajudar a conservar peixe. Mais tarde, na época romana, assume importância extrema – valia o peso em ouro – ao servir de pagamento, dando origem à palavra salário, que deriva do latim salarium. Atualmente, a flor de sal, ganhou estatuto de produto de excelência, que não se esgota na gastronomia.
As inesperadas montanhas brancas, próximas de pequenos lagos retangulares, chamados talhões por iniciativa dos romanos, marcam a paisagem de Castro Marim, no sotavento algarvio, bem como em Tavira e Olhão. É graças ao árduo trabalho dos marnotos, que é extraído o sal marinho. Em tempos, contabilizaram-se centenas de salinas na região, hoje são menos de duas dezenas os resilientes que continuam a preservar esta herança histórica.
Salmarim, Castro Marim – Foto Ricardo Bernardo D.R
Jorge Raiado é um dos impulsionadores da nova vida desta atividade em Castro Marim. A partir de 2007 olhou para as salinas e, principalmente para a flor de sal, como um novo mundo a explorar e criou a Salmarim (tel. 966922437). Abriu as salinas aos visitantes, criou embalagens atrativas para comercializar a flor de sal e desenvolveu programas à medida para explicar o potencial deste produto. Por marcação, sempre antes de o sol desaparecer no horizonte, promove degustações básicas de sal, usando produtos algarvios, como o queijo ou o tomate rosa, explicando didaticamente cada uma das subtilezas do produto em prova. Organiza também uma abertura de bivalves com sal, usando berbigão fresco, ou prepara carabineiros e gamba violeta para degustações. Todos estes programas (entre €45 a €150) incluem apanha de sal, molhar os pés na salina e a explicação de cada um dos processos. A partir do Grand House (Tel. 281530290), além de conhecer o primeiro boutique hotel de cinco estrelas de Vila Real de Santo António, com passado associado à indústria das conservas, pode aproveitar os pacotes disponíveis para descobrir as salinas da região.
A poucos metros da Salmarim, do outro lado da EN 122, fica a Água-mãe (Tel. 965404888), que desenvolveu o único Spa salino do Algarve. Encerrada durante mais de 40 anos, a Salina Barquinha renasceu pela mão de Luís Correia com ofertas diferenciadoras, entre as quais, o chamado “Mar Morto Algarvio”, que permite um banho flutuante de sais minerais. Recomenda-se a utilização de uma boia de pescoço, mas a sensação proporcionada é a de, verdadeiramente flutuar sem esforço na água com temperaturas entre 25 e 35 graus. Graças às lamas formadas em cada talhão, há também um programa de aplicação de argila da salina, outro de esfoliação com flor de sal, e ainda massagens e yoga no ambiente natural do sapal. O The Prime Energize Hotel Monte Gordo (Tel. 281001300) dispõe de pacotes especiais de dois dias com visitas a este espaço e com livre acesso às aulas de Pilates, Yoga e Stretching.
Spa Salino, Castro Marim – Foto DR
Para uma explicação mais didática sobre a história do sal, a influência catastrófica do terramoto de 1755 na produção, a importância da indústria conserveira e o renascimento das salinas, faça uma visita à Casa do Sal (Tel. 281510740). Localizada num antigo armazém de Castro Marim, com grande valor patrimonial e conhecido na vila como a “Balalaica”, o espaço permite saber a diferença entre flor de sal e sal marinho. Pode encontrar estes e outros produtos da salicultura tradicional de Castro Marim na loja e agendar uma visita à “Salina do Félix”.
Aprecie o caminho ao longo da EN 125 em direção a Olhão em busca das Salinas do Grelha (Tel. 967753496) para descobrir um lago com 2000 m2 ao qual chamam “Mar Morto”, ao apresentar uma concentração de sal equivalente à existente em Israel. Pode optar por um banho (a partir de €7), mas há ainda, de maio a outubro, visitas guiadas pelas salinas e passeios pedagógicos. Para uma perspetiva diferente das salinas use a bicicleta e percorra o Trilho do Ludo Salinas, entre o Monte Negro e a Quinta do Lago. É um percurso misto com quase 8 km, junto aos talhões de sal, e que passa pelo sapal, com observação da fauna e da flora.
Salinas do Grelha, Olhão – Foto DR
Entre as salinas e a ria Formosa, o hotel Vila Galé Albacora (Tel. 281380800) nasceu da recuperação do Arraial Ferreira Neto, local onde as famílias viviam durante a época de pesca ao atum. Pode conhecer toda a história no pequeno museu existente.
Este artigo foi adaptado do Guia de Verão – Algarve, oferecido com o Expresso, no dia 25 de junho de 2021.
Acompanhe o Boa Cama Boa Mesa no Facebook, no Instagram e no Twitter!
Notícia exclusiva do “Boa Cama Boa Mesa” do nosso parceiro Expresso