O Bloco de Esquerda (BE) defendeu esta quinta-feira no Algarve que os 10 mil milhões de euros da Política Agrícola Comum (PAC) deverão ser canalizados para diversificar a produção agrícola no país, e não ficar com latifundiários.
Catarina Martins, que falava em Portimão numa ação de verão do Bloco de Esquerda, defendeu que desta forma se poderia diminuir a quantidade de eucaliptal e reduzir o risco de incêndio.
“Porque é que, quando se conta o dinheiro da PAC, o emprego criado não conta no momento de distribuir esse dinheiro? Essa é a única maneira de povoar o território e se tivermos um território despovoado e abandonado ele vai ser cada vez mais perigoso”, afirmou.
A líder bloquista assumiu que o compromisso é discutir “o que é feito com os 10 mil milhões de euros até 2027”, já que pode representar a diferença entre ter “um território mais seguro com menos incêndios ou a desgraça ano após ano, cada vez maior com as alterações climáticas”.
A deputada recordou que, após os incêndios de 2017, se mudou a lei para que se reduzisse a área de eucaliptos no país e foram assinados compromissos para que se chegasse às 500 equipas de sapadores florestais, “mas quatro anos depois, pouco mudou”.
O bloco defende assim a diversificação do mosaico florestal, com um investimento espalhado por todo o território, com espécies autóctones, em vez de monoculturas extensas, que têm dominado as paisagens.
Num discurso no Algarve, a coordenadora do BE não esqueceu as consequências da pandemia numa região que “depende” sobretudo do turismo, mas onde o trabalho precário deixou “muitos sem apoio”, alertou.
Destacou, por isso, a necessidade de uma lei do trabalho e fiscalização “mais forte”, para que os trabalhadores não trabalhem sem contrato ou sem descontos para a segurança social, “quando precisam”.
Catarina Martins realçou ainda que a crise pandémica veio evidenciar a importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “gratuito e acessível a todos”, mas com profissionais “sem vínculos precários” e com “carreiras dignas”.
O eurodeputado José Gusmão também discursou em Portimão, onde destacou a importância da vacinação no combate à pandemia de covid-19 e a discussão das patentes das vacinas que está a decorrer no seio da União Europeia.
O bloco realiza até segunda-feira, 23 de agosto, comícios e ações em várias localidades algarvias, com a líder a encontrar-se esta sexta-feira, às 15 horas, com a diretora regional do Algarve do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), onde será analisada a grave situação social que se vive na região.
Nas visitas na região, a coordenadora nacional do BE será acompanhada por candidatos locais bloquistas, concorrentes às eleições autárquicas de 26 de setembro.