A professora Maria João Sacadura é a candidata do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) à Câmara de Lagos, concelho algarvio onde quer contribuir para a redução da pegada de carbono e do impacto das alterações climáticas, foi esta terça-feira anunciado.
Com 57 anos, a candidata, nascida em Moçambique, é atualmente coordenadora de projetos e professora do ensino básico e secundário numa escola internacional, onde leciona Biologia, Geografia, Química, Ciências do Mar e Gestão Ambiental.
Em comunicado, o PAN adianta que Maria João Sacadura viveu vários anos na cidade de Caldas da Rainha, onde lecionou no ensino público secundário e exerceu funções técnicas na indústria cerâmica, tendo iniciado em 2018 o seu atual trabalho.
Assumindo como objetivo que o concelho de Lagos contribua para a redução da pegada ecológica do Algarve, a candidata defende a criação de um plano para produção de energia própria combinada em todos os edifícios municipais e públicos, e de um pacote municipal de apoio à microprodução.
Além disso, propõe o “planeamento de uma rede de transportes públicos para Lagos, tendencialmente gratuitos, não poluentes, em combinação com alternativas suaves e ativas na mobilidade, através da criação de eixos pedonais e cicláveis e de um sistema de bicicletas partilhadas”, lê-se na nota.
Para a geóloga e professora, o combate às alterações climáticas passa ainda por “evitar a produção agrícola intensiva de regadio, como é o caso da produção de abacates em Barão de S. João”, projeto que tem vindo a ser criticado por grupos de cidadãos ligados ao ambiente.
“É também essencial que todos os refeitórios e cantinas de edifícios públicos do concelho providenciem uma opção vegetariana e acompanhamento nutricional aos profissionais e utentes”, defende, colocando, ainda, a gestão da água como uma prioridade no Algarve.
Segundo a candidata, “a região caminha a largos passos para a desertificação, com o correspondente aumento exponencial do risco de incêndios”, pelo que se deve apostar na plantação de espécies diversificadas, resilientes e autóctones nas florestas, bem como no combate à erosão.
Maria João Sacadura defende como prioridades nesta área “a utilização preferencial de materiais que evitem a impermeabilização dos solos, a reutilização de águas residuais tratadas e a proteção do aquífero Almadena-Espiche através de um sistema automático para monitorização permanente”.
Relativamente às áreas verdes em zonas urbanas, Maria João Sacadura defende a definição de quotas obrigatórias de área verde por metro quadrado de edificado, cujo planeamento considere possíveis consequências resultantes da localização e espécies escolhidas, e do tipo de poda previsto.
Sobre a gestão camarária, o PAN considera que “nenhum novo executivo camarário deve iniciar funções sem fazer uma auditoria à gestão de recursos humanos, fornecedores e contas da autarquia, e inteirar-se dos procedimentos vigentes”.
Outro dos problemas que a candidata identifica no concelho é o da habitação, agravado pela precariedade laboral, uma vez que a empregabilidade em Lagos “é essencialmente sazonal, confinada às épocas de maior turismo ou de apanha de fruta, o que cria um esforço acrescido para que estas pessoas consigam sobreviver todo o ano”.
O PAN considera, ainda, “urgente” a criação de um Centro Municipal de Bem-Estar Animal com capacidade “para recolher e alojar condignamente todos os animais abandonados ou vítimas de maus-tratos, prestar cuidados médico-veterinários e proceder à sua esterilização e, quando necessário, socialização”.
A candidata licenciou-se em Geologia Aplicada e do Ambiente pela Universidade de Lisboa em 1996, fez mestrado em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade de Évora em 2006 e iniciou o doutoramento em Sedimentologia Ambiental na Universidade do Algarve um ano depois.
Mais recentemente, deu início a um projeto de agricultura biológica de subsistência e escreveu um romance, participando frequentemente em ações de voluntariado na causa animal, na defesa do ambiente e em projetos na Universidade Sénior.
Na ‘corrida’ à Câmara de Lagos estão, além de Maria João Sacadura (PAN), o atual presidente, Hugo Pereira (PS), Pedro Moreira (PSD), Alexandre Nunes (CDU) e Delano Chiattone (Chega).
A Câmara de Lagos é governada pelo PS desde 2002, depois de Júlio Barroso ter vencido as autárquicas em 2001 e recuperado a autarquia ao PSD. Desde então, os socialistas têm governado o município com maioria absoluta, detendo atualmente cinco dos sete eleitos.
A coligação PPD/PSD/CDS-PP/MPT/PPM tem um eleito, assim como o Movimento Lagos Com Futuro.
As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.