A corrida eleitoral à Câmara de Faro conta para já com cinco candidatos conhecidos, mas apenas um é ‘repetente,’ num município onde pela primeira vez a mesma coligação pode vir a completar três mandatos consecutivos.
Eleito em 2013 e reeleito em 2017, Rogério Bacalhau (PSD/CDS-PP/MPT/PPM) conseguiu, com a sua reeleição, quebrar a tendência eleitoral do município, onde a ‘tradição’ sempre foi, desde as primeiras eleições autárquicas, de alternância de poder entre o PS e o PSD.
A repetir-se a dinâmica habitual nas eleições para a autarquia da capital algarvia, a competição mais renhida deverá ser entre Rogério Bacalhau, que vai tentar ‘segurar’ a liderança, e o socialista João Marques, ex-vereador do executivo liderado por José Apolinário, que quer reaver a Câmara perdida em 2009.
João Marques, de 44 anos, regressa à vida política autárquica mais de 10 anos depois de ter sido eleito vereador. O PS conta atualmente com quatro eleitos, num executivo em que a coligação encabeçada pelo PSD detém maioria absoluta, com cinco eleitos.
A CDU, que tem sido a terceira força partidária mais votada em Faro, tem como candidata Catarina Marques, de 44 anos. A professora substitui o candidato que vinha sendo o cabeça de lista à Câmara de Faro, na tentativa de recuperar o vereador que a coligação que reúne PCP e PEV perdeu em 2017.
Entre os estreantes na corrida à Câmara de Faro nas eleições deste outono – cuja data ainda não foi marcada -, estão ainda Custódio Guerreiro, gestor de 56 anos, que se candidata pelo Chega, e Aníbal Coutinho, médico de 58 anos que se candidata pelo BE.
O atual presidente, Rogério Bacalhau, professor, de 59 anos, foi anunciado como candidato pela direção nacional do PSD em março, e, apesar de já ter confirmado a sua recandidatura a um terceiro e último mandato, ainda não a apresentou oficialmente.
Em 2009, o PSD entrou em força em Faro, mantendo-a até hoje, primeiro com Macário Correia, depois com o seu vice-presidente, Rogério Bacalhau, que assumiu o cargo após a perda de mandato do presidente, na sequência de um processo referente à altura em que liderou a Câmara de Tavira.
Nesse ano, o PS perdeu a Câmara para o PSD por 130 votos, quando José Apolinário tentava ser reeleito para um segundo mandato mas foi destronado por Macário Correia, que tinha atingido o limite de mandatos em Tavira.
Em 2013, o PSD voltou a ganhar ao PS por 395 votos, mas, em 2017, a distância entre ambos os partidos acentuou-se, com o ex-diretor escolar a ser reeleito por uma diferença de 1.572 votos.
Em Faro, cuja população residente em 2019 era de 60.995 pessoas, das quais 21,9% com 65 ou mais anos, segundo dados da Pordata, a tendência tem colocado a CDU como terceira força mais votada, tendo conseguido em 2013 eleger um vereador. Nesse ano, praticamente duplicou o número de votos face a 2009.
Com uma área geográfica de 202 quilómetros quadrados, o concelho de Faro registava um ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem de 1.138 euros, em 2018 (perto dos 1.168,42 euros a nível nacional), segundo dados da Eyedata.
No concelho onde se situa o principal hospital do Algarve, região com uma dificuldade crónica em fixar médicos, havia, em 2019, uma média de 10,99 médicos por 1.000 habitantes, ainda assim, acima da média nacional (5,39).
Antes de Rogério Bacalhau, e nos últimos 40 anos, apenas um presidente de câmara tinha sido reeleito em Faro: João Botelheiro (PS).
Na autarquia, a liderança oscilou sempre entre o PS (quatro presidentes), o PSD (quatro) e a Aliança Democrática (dois).
As eleições autárquicas têm de ser marcadas pelo Governo para entre 22 de setembro e 14 de outubro.
Em Portugal há 308 municípios (278 no continente, 19 nos Açores e 11 na Madeira) e 3.092 juntas de freguesia (2.882 no continente, 156 nos Açores e 54 na Madeira).
(Marta Duarte, da agência Lusa)