Após um percurso de 14 anos como padre e de ter deixado o sacerdócio em 2011, por “opção pessoal”, Dinis Faísca trabalhou “com miúdos do espetro autista” numa sala de ensino estruturado do agrupamento de escolas de Castro Marim, passando depois a ser chefe de gabinete do presidente da Câmara de Castro Marim e assumindo, agora, o desafio de conduzir o PSD a vencer um município controlado pelo PS há 12 anos.
“O que me levou a aceitar este desafio foi, essencialmente, a necessidade que sinto de, em Tavira, dar um novo rumo e apresentar uma nova forma de estar na política, com capacidade de escuta, de envolvência da comunidade e de proximidade a essa mesma comunidade. Uma política que seja sincera, honesta, responsável e transparente. Este [é o] grande desafio que me levou a aceitar o convite de encabeçar a lista do PSD, sendo eu independente”, disse à Lusa o candidato.
Aos 47 anos, Dinis Faísca garantiu que vai trabalhar para o PSD poder ganhar as eleições, num concelho onde disse haver “uma matriz essencialmente socialista”, que pôde ser contrariada durante 12 anos (de 1997 a 2009) por Macário Correia, o nome escolhido para agora encabeçar a lista do PSD à Assembleia Municipal de Tavira, afirmou.
O candidato independente do PSD à Câmara de Tavira elogiou a “energia, capacidade de fazer, de envolvimento, de proximidade das comunidades e de sentir os problemas das próprias pessoas” que fez Macário Correia liderar a autarquia durante 12 anos e considerou que a sua presença na lista à Assembleia Municipal “é uma mais valia”.
“Pelo conhecimento da realidade em 12 anos de dedicação ao concelho de Tavira e às suas gentes, por toda a experiência acumulada, também, no seu exercício de funções ao nível regional e nacional, [Macário Correia] é uma fonte de conhecimento e capacidade de trabalho e uma mais valia”, afirmou Dinis Faísca.
Questionado sobre as principais áreas de atuação se for eleito para a presidir à autarquia do distrito de Faro, Dinis Faísca respondeu que “importa reconciliar as pessoas com a política e a vida pública” e colocar a população na “centralidade da ação”, sobretudo num “contexto de pandemia”, quando “há uma grande faixa de pessoas que estão a passar por necessidades”.
O emprego e a formação profissional para “atividades técnicas e mais profissionalizantes, como eletricistas, mecânicos, canalizadores”, ou para “quadros voltados para o território e o desenvolvimento de produtos autóctones, como o polvo, mel, medronho, laranja ou sal”, o ambiente ou a cultura são outras das apostas da candidatura do PSD em Tavira.
“Associado a isto vem a questão da habitação, que é uma das grandes preocupações, não só de Tavira, como de todo o Algarve”, acrescentou Dinis Faísca, considerando que a autarquia deve ter “política social de habitação que vá para além da habitação social” e apoiar soluções como as “cooperativas ou a construção de habitação a custos controlados”.
A Câmara de Tavira é governada pelo PS desde 2009, ano em que Jorge Botelho foi eleito presidente e obteve a primeira de três vitórias consecutivas para o PS, que conta atualmente com cinco dos sete eleitos, contra dois do PSD.
Em 2019, Jorge Botelho – atual secretário de Estado da Descentralização e Administração Local – saiu da autarquia para se candidatar à Assembleia da República e deixou a presidência do município à vice-presidente, Ana Paula Martins, que também se candidata ao cargo nas próximas eleições autárquicas pelo PS.