Um acordo individual estabelecido com o vereador eleito pelo PS em Albufeira vai permitir à coligação encabeçada pelo social-democrata José Carlos Rolo assegurar a maioria na autarquia, disse hoje à Lusa o presidente.
Ricardo Clemente foi um dos dois eleitos pelo PS nas eleições autárquicas, mas o município anunciou hoje que “o novo elenco da Câmara Municipal de Albufeira tem já pelouros atribuídos”, estando um dos eleitos pelo PS entre os vereadores que, com o presidente e os restantes dois eleitos da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM, vão assumir pelouros.
A aceitação de pelouros por parte de Ricardo Clemente, contra a vontade do PS, permite à coligação liderada por José Carlos Rolo assegurar uma maioria de quatro, contra o segundo vereador eleito pelo PS e os cabeças de lista das candidaturas independentes lideradas pelo antigo presidente da Câmara Desidério Silva e por Abel Zua, que elegeram um representante cada.
O presidente do município, José Carlos Rolo, disse à agência Lusa que atribuiu pelouros a Ricardo Clemente com base num “acordo normal feito com o próprio” e garantiu que ambos já estão “a trabalhar em prol de Albufeira”.
O autarca disse que chegou a apresentar uma proposta de acordo ao PS, mas sublinhou que esta “não recebeu a concordância” e “não foi feita contraproposta nenhuma” por parte dos socialistas.
“Depois fiz este acordo individual com o vereador e da minha parte este assunto está encerrado”, acrescentou, reconhecendo que a falta de maioria da sua coligação na Assembleia Municipal vai obrigar a estabelecer “acordos pontuais”.
No entanto, o acordo com Ricardo Clemente permite “garantir alguma estabilidade” à governação do município do distrito de Faro, considerou.
A Lusa tentou falar com o vereador Ricardo Clemente, mas sem sucesso.
O PS de Albufeira deu conta da sua posição num comunicado divulgado nas redes sociais e esclareceu que, com a coligação vencedora do escrutínio em minoria face à oposição, começou a delinear uma “estratégia” que visava “obrigar o executivo a ouvir e negociar, algo que faltou no mandato anterior”.
A mesma fonte diz que Ricardo Clemente comunicou nesse dia “a sua abertura para aceitar pelouros”, mas a estrutura local do PS comunicou-lhe “que essa opção iria desiludir muitas pessoas dentro e fora do partido” e “dificilmente” o PS “acompanharia essa opção”.
“Nessa altura foi assumido pelo próprio que esta era uma opção pessoal e o partido [PS] deveria fazer o que entendesse”, referiu ainda a estrutura socialista de Albufeira, reconhecendo que ainda encetou negociações com o PSD, mas a proposta social-democrata foi rejeitada, porque “transformava a perda de maioria nos três órgãos pelo PSD, numa posição de maioria absoluta”.
A mesma fonte considerou que aceitar o acordo proposto pelo PSD deixaria o PS “numa posição de subserviência, subvertendo a vontade do voto popular que atribuiu mais votos a toda a oposição”, uma posição que a concelhia socialista garante ter sido “acompanhada pelo presidente da Federação distrital do Partido Socialista”, Luís Graça.
“Tudo o que se passou a partir desta data, foram opções pessoais dos envolvidos, mantendo o Partido Socialista o propósito de exercer uma oposição responsável, influenciando a ação governativa, na apresentação de propostas para os problemas do concelho”, concluiu o PS.