Jacinto Palma Dias, conhecido escritor algarvio com inúmeras obras editadas, um pensador da região, que se diz dele próprio ser um lavrador de letras, faleceu ontem de doença oncológica.
Tinha 74 anos. Nasceu em Castro Marim em 11 de outubro de 1945, Jacinto Palma Dias frequentou a Universidade de Coimbra, mas exilou-se em França após a crise académica de 1969 e licenciou-se em História pela Universidade de Paris VIII, em 1973.
Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, regressa a Portugal no ano seguinte e chegou a ser professor de história na Escola Secundária de Tavira. Como docente, era-lhe característico desafiar os seus alunos a questionar os factos históricos estabelecidos. Ensinava a observar para se decifrar a história. Incentivava à reflexão e valorizava os alunos mais críticos. Era igualmente conhecido, entre os alunos, como o docente que, antes de entrar na sala de professores da escola, tirava o brinco da sua orelha.
Adorava história, música e a terra. Dedicou-se à agricultura biológica, na Quinta da Fornalha, em Castro Marim, onde ajudou a preservar um dos mais antigos pomares de figueira do Sotavento algarvio.
Foi sempre um agitador de mentes e mentalidades. Deixa uma vasta obra cientifica e literária, particularmente sobre a cultura e o património dos homens simples da região algarvia.
‘Algarve Revisitado’ (1994 – Loulé/Lisboa) é a primeira obra de sua autoria e também a primeira onde se aborda o tema das platibandas (faixa horizontal que emoldura a parte superior de um edifício e que tem a função de esconder o telhado), em co-autoria com João Brisos.
Em 1999, publica ‘A Metáfora da Água, da Terra e da Luz na Mitologia do Algarve Arcaico’.
Em 2012 apresenta ‘Algarve em 3D’, no qual faz um esboço do mapa gastronómico de Portugal. A obra foi traduzida para inglês e publicada sob o título ‘The Algarve, An Amazing Journey Through Gastronomy, Architecture Biodiversity’.
Segue-se, ‘Estéticas e Inestéticas no Algarve Contemporâneo’ (2016) no qual dá a conhecer um movimento modernista entre 1909 e 1929. Ainda no mesmo ano, apresenta em Coimbra ‘Portugal antes de Portugal’.
Jacinto Palma Dias entrou esta sexta-feira no mundo das memórias. O seu velório vai realizar-se das 9 às 11 horas da manhã deste domingo, em São João de Deus, em Lisboa. Seguir-se-à a cremação às 12 horas no cemitério do Alto de São João.
O POSTAL endereça as mais sentidas condolências aos familiares e amigos, neste momento de pesar.
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