Num contexto atípico e ectópico, em fase de pandemia, as bibliotecas públicas/municipais viram inicialmente os seus espaços encerrados.
Findo o estado de emergência, determinou o calendário do desconfinamento que as bibliotecas abrissem as suas portas, logo na primeira fase do plano nacional objetivando reinstituir alguma normalidade a estes tempos insólitos.
Enquanto organizações dinâmicas, as bibliotecas procuraram adaptar-se a esta nova conjuntura e paulatinamente implementaram medidas suplementares de higienização dos espaços, iniciaram a oferta de serviços mínimos, entregaram livros de forma inovadora, através de empréstimos domiciliários, em regime de take away, e aplicaram políticas de quarentena aos livros devolvidos.
Com a inviabilização de eventos presenciais, de forma a manter o distanciamento social, as bibliotecas adaptaram-se a novas realidades e reinventaram a disponibilização de eventos culturais. Investindo em novos conteúdos e serviços online, com a ajuda de plataformas digitais, as bibliotecas, em tempo de isolamento social, continuaram a cumprir a sua missão, mantiveram o contacto com os seus leitores, conquistaram novos públicos e possibilitaram o usufruto de algumas iniciativas a partir de casa.
Perante estas novas formas de ler, as comunidades assistiram virtualmente a horas do conto, oficinas plásticas, ateliês de escrita criativa, conversas com escritores, exposições e sugestões de leitura. Apesar destas iniciativas, a maioria das bibliotecas não disponibilizaram livros em formato digital porque não estavam apetrechadas para tal.
Durante vários meses, as bibliotecas afirmaram a sua presença no contexto digital e por isso questiono, até que ponto essa situação alterou de forma significativa a realidade tal como a conhecíamos, a das nossas bibliotecas físicas/tradicionais.
Face ao exposto, acredito que a solução está numa biblioteca híbrida, onde os serviços tradicionais e o digital coexistam lado a lado, mas neste momento urge reconquistar a comunidade, já que uma biblioteca sem pessoas é uma instituição sem vida!
Anabela Anjos
(Coordenadora da Biblioteca Municipal de Silves)