O POSTAL foi tentar perceber quais os truques para começar a gostar de vinho ou para apurar os sentidos de quem já o aprecia. Na sexta-feira, num workshop sobre “Prova Técnica de Vinhos” integrado na Feira do Queijo e do Vinho de Faro encontrámos Gilmar Brito, um engenheiro biotecnológico que a par da sua vida profissional como gestor de controlo e qualidade na empresa Nova Cortiça, é júri em provas de vinhos de concursos nacionais e internacionais.
“A minha paixão nesta área começou quando eu, certo dia, estava a ver um programa de televisão e uma senhora estava a provar vinhos e sabia identificar a região de todos eles. Eu pensei: “também quero fazer aquilo”. Nessa altura, quando comecei nestas andanças, tinha 24 anos e a minha bebida preferida era Coca-cola” revelou Gilmar Brito.
Hoje em dia, além de saber avaliar muito bem as castas, os aromas e até mesmo as regiões, fá-lo às cegas. Avalia vinhos de toda a parte do Mundo e tem uma percepção quase exacta dos componentes de cada néctar.
O POSTAL registou as melhores dicas para se tornar um especialista na arte de apreciar vinho.
Para quem não gosta desta bebida o “primeiro passo é iniciar a degustação com vinhos fáceis, vinhos que tenham alguma doçura”, explicou o enófilo ao POSTAL. Outra das coisas a ter em conta é a distinção entre o cheiro e o sabor do vinho. Gilmar deu o exemplo dos vinhos da casta Riesling que cheiram a gasolina e a petróleo mas que na boca são extremamente doces.
Como escolher o meu tipo de vinho
Gilmar Brito dividiu os vinhos em castas para diferentes “tipos” de pessoas.
Para quem gosta de sabores fortes, como o café sem açúcar, o engenheiro recomenda vinhos da casta Cabrenet Sauvignon.
Para uma pessoa com um palato mais sensível, que já requer algum doce no dito café, recomenda-se Sauvignon Blanc.
Para aqueles que são muito sensíveis e que que preferem sabores adocicados Gilmar recomenda vinhos da casta Riesling.
O melhor, disse o enófilo ao POSTAL, é, se possível, “abrir várias garrafas diferentes, experimentar e tentar perceber qual é o seu perfil de vinho, tendo em conta as castas porque é na uva que se encontra a base dos aromas”.
Quantos copos posso beber?
Se for homem não deve consumir mais do que três unidades de álcool, para as mulheres não mais do que duas.
O número de unidades de álcool numa garrafa de vinho, pode ser determinada multiplicando o volume da bebida, em mililitros, para a sua percentagem de álcool em volume, e dividindo-se por mil.
A taxa típica de álcool de uma garrafa de vinho é de 12%, portanto, uma garrafa de 750 mililitros contém cerca de nove unidades de álcool [12 x 750 / 1.000 = 9].
Em copos uma unidade de álcool traduz-se mais ou menos num terço de um copo de vinho normal de cerca de 300 mililitros. Mas isto depende sempre da taxa de álcool, já dizia o livro “Cada garrafa conta uma história”.
Como devo armazenar os vinhos?
Os vinhos devem ser armazenados entre os 10 e os 15 graus centígrados e devem manter-se na horizontal caso a rolha seja de cortiça, para a rolhar inchar. A rolha deve ser tirada e reposta a cada 20 anos. Os vinhos devem estar abrigados da luz intensa.
Para fazer o “brilharete” na hora de servir, Gilmar aconselha que se tenham em atenção as temperaturas. Vinhos brancos devem servir-se entre os 10 e os 13 graus centígrados. Os espumantes entre os seis e os 10 graus. E os vinhos tintos entre os 15 e os 18 graus.
Três truques rápidos
1 – Para avaliar a acidez de um vinho em baixa, média ou alta, coloque o vinho na boca, atrás da língua, quanto mais salivar mais ácido esse vinho é.
2 – Para diferenciar um vinho tinto de um vinho branco, em prova cega, basta levar o vinho às gengivas, se as mesmas “encortiçarem” é tinto, se não é branco.
3 – A cor do vinho deve ser avaliada num fundo branco.
Estes foram os ensinamentos de alguém que bebe cerca de 2.500 vinhos por ano, o que dá uma média de sete vinhos por dia. Para o especialista “uma das principais coisas a analisar num vinho é se ele vale o preço que lhe dão”, o enófilo garante que “há vinhos que podem valer a pena porque perduram na memória uma vida inteira”.