Mesmo os mais atentos são frequentemente apanhados por elas.
Mesmo quem tem preparação, cultura e o cuidado constante de passar a informação pelo filtro da veracidade e plausibilidade, vive no constante perigo de engolir por verdadeiras as notícias falsas.
Mas não esqueçamos que, além das “fake”, também há as “old” e ainda as “useless”.
São uma espécie de praga moderna, estas falsas, velhas e inúteis “notícias”, que encontram nas redes sociais e na internet em geral o terreno perfeito para germinar e proliferar até se converterem em falsas verdades.
Talvez nem todas nasçam para servir interesses. Talvez uma considerável parte das fake news seja apenas criada por palermas gozões que não têm nada melhor para fazer e se divertem a espalhar a desinformação e a fazer proliferar conteúdos propícios a esvaziar o já diminuto conteúdo que muitos transportam dentro dos seus limitados cérebros. E talvez, também, bons estudos sociológicos se possam realizar para entender o como e os porquês de haver tanta gente disposta a partilhar disparates. Sim, as fake news são também culpa de todos os que se disponibilizam a partilhá-las.
Creio que nós, adultos, por termos tido uma existência pré-internet, ainda não processámos inteiramente o seu potencial e continuamos algo assoberbados perante a magnitude nela contida, enquanto os jovens, embora tenham nascido já com ela, são ainda demasiado inconsequentes para lhe entenderem todas as vantagens e perigos… Mas por todos termos agora tão fácil acesso a tanta informação, temos também a obrigação de tentar aferir mais cuidadosa e exaustivamente a veracidade do que nos querem vender como verdades.
Quanto às consequências: que não ocorra a ninguém ignorar que as fake news são perigosas! Enquanto as old apenas estão desatualizadas e as useless a nada mais servem do que à proliferação da generalizada estupidez, as fake encerram em si incontáveis perigos; desde a condenação de inocentes a julgamentos populares, até à condução do curso da história por caminhos que nunca deveriam ser seguidos. As consequências podem ser tantas e tão complexas que não saberia enumerá-las.
Como se pode, então, conter esta tendência?
Entendendo que contra o surgimento de fake news nada há a fazer.
Mas percebendo que a sua proliferação pode ser drasticamente contida se decidirmos começar a pensar um pouco antes de partilhar o que quer que seja. Deixaremos assim de ser coniventes com a expansão de falsidades (que mais prontamente morrerão à nascença) e tornar-nos-emos defensores de um mundo, se não mais bonito, pelo menos mais fiel à realidade dos factos.