O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) disse que o modelo de gestão da Via Algarviana vai ser discutido na próxima reunião, em Setembro, estando certo de que o assunto se vai resolver.
“Nesse momento, o que quero é que os presidentes de câmara [mandatem] os técnicos da AMAL para encetar negociações ou conversas sobre um modelo de gestão” que seja consensual, disse à Lusa o presidente da entidade, Jorge Botelho.
O risco de abandono da Via Algarviana foi noticiado pelo jornal Público na semana passada, recordando que o projecto, coordenado pela associação Almargem, já recebeu um investimento de 1,2 milhões de euros e que a candidatura que sustentava a iniciativa terminou em Julho, ficando por definir um modelo de gestão consensual.
A Via Algarviana é uma grande rota pedestre que atravessa 11 concelhos do Algarve, ligando Alcoutim ao Cabo de S. Vicente, numa extensão inicial de 300 quilómetros, na sua maioria na serra algarvia.
A questão mais premente centra-se na necessidade de disponibilização de um montante de 1.700 euros por cada um dos 11 municípios, verba necessária para a manutenção da Via Algarviana durante os próximos meses, até que o futuro modelo de gestão venha a ser definido.
ACRAL lamenta impasse em relação ao futuro da Via Algarviana
A coordenadora do projecto, Anabela Santos, disse à Lusa que “tem que haver alguém que se responsabilize e que responda”, uma vez que todos os dias chegam à Almargem pedidos de pessoas que procuram informação e guias, além da necessidade de assegurar a manutenção física dos percursos.
“Neste momento ainda estou eu a fazer isto tudo. Estou a fazer isto porque a Almargem decidiu que ia tentar manter aquilo durante dois meses, mas vai deixar de ter fundos próprios”, sublinhou aquela responsável.
Anabela Santos realçou que, se antes eram 300 quilómetros, agora há 800 em causa, o que significa que “há um conjunto de novas coisas e que é necessário promover, há um leque enorme de ofertas e ainda não [se começou] a fazer esse trabalho”.
Questionado sobre se está optimista quanto à resolução da questão, Jorge Botelho respondeu que não é uma questão de optimismo: “Tenho a certeza de que se resolve. Não vou deixar cair este assunto”.
Recentemente, a Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) lamentou, em comunicado, “o impasse existente em relação ao futuro da Via Algarviana e alerta para a importância estratégica deste percurso pedestre”.
Para o presidente da ACRAL, Victor Guerreiro, a Via Algarviana é um “instrumento importante para afirmar o Algarve como um destino de natureza, especialmente na época baixa, e funcionar, desse modo, como mais um meio de combate à sazonalidade”.
De acordo com informações recolhidas pela coordenação da Via Algarviana junto das empresas que trabalham com os turistas que percorrem a via a pé ou de bicicleta, 90% da afluência é estrangeira, sendo as nacionalidades mais representadas a alemã, a holandesa, a belga e a francesa.
(Agência Lusa)