A turma do 9ºB da Escola E.B. 2,3 João de Deus em São Bartolomeu de Messines está desde o início do ano lectivo sem professor de Português.
João Gomes, director do Agrupamento de Escolas de Silves, ao qual a escola de Messines pertence, justifica a situação com o facto de os professores desistirem da função um dia depois de serem colocados, enquanto “outros nem aceitam” a colocação.
No total, foram sete as tentativas de colocação para a disciplina desde Setembro. “Tivemos inclusive duas professoras que vieram mas ambas estão de baixa com gravidez de risco”, acrescenta o director ao POSTAL.
“Não faço ideia porque é que isto acontece. A única justificação que encontro é porque, eventualmente, são de longe”, diz o responsável, que garante que a situação é “completamente alheia à escola e ao agrupamento”, que “não podem fazer absolutamente nada”, remetendo responsabilidades para o Ministério da Educação.
Fonte do gabinete daquele Ministério afirmou ao POSTAL que o caso está a ser acompanhado mas lembra que “a gestão de recursos humanos das escolas cabe aos órgãos directivos dos agrupamentos”. A mesma fonte adianta que “a denúncia ou não aceitação da colocação [por parte dos professores] no prazo previsto é um direito previsto na Lei”.
João Gomes diz estar “extremamente preocupado” com a situação e espera que esta esteja resolvida até ao início de Janeiro, altura em que inicia o segundo período escolar. “Vai haver uma altura em que se vai proceder a um concurso a nível de escola e é disso que o agrupamento está à espera, porque quando assim for consegue-se rapidamente um professor que se mantenha”, perspectiva o director.
Até lá, o horário continua a concurso e o agrupamento “é obrigado a esperar que alguém o cumpra”. “Estamos condicionados pela lei”, lamenta João Gomes.
As únicas aulas que os alunos do 9ºB tiveram, em ano escolar de exame nacional, foram asseguradas, “por boa vontade”, por uma professora bibliotecária da escola, que se disponibilizou para “dar apoio aos alunos”.
Algo que já não acontece, uma vez que “neste momento os alunos estão mesmo sem professor e sem aulas”, garante ao POSTAL Mavilde Guerreiro, encarregada de educação de um aluna da turma visada, que acrescenta que “quando a aula de Português é a primeira do dia, os alunos só vão para a escola mais tarde”.
Situação gera revolta entre pais e alunos
“O que se pode esperar de alunos que vão fazer exame de Português e não têm uma aula durante o primeiro período?”, questiona, indignada, Mavilde Guerreiro. A encarregada de educação afirma que são os próprios alunos, “revoltados”, a enviarem e-mails para o Ministério da Educação porque “sentem falta da matéria”.
O POSTAL tentou ainda contactar Anabela Melo, coordenadora da Escola E.B. 2,3 João de Deus, que se recusou a prestar quaisquer declarações.
(Com Henrique Dias Freire)