Portugal contabiliza hoje mais 46 mortos relacionados com a covid-19 e 4.410 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 2.740 mortes e 161.350 casos de infeção, estando hoje ativos 67.157 casos, mais 1.857 do que na quarta-feira.
A DGS indica que das 46 mortes registadas nas últimas 24 horas, 20 ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo, 17 na região Norte, oito na região Centro e uma no Alentejo.
Relativamente aos internamentos hospitalares, o boletim revela que estão internadas 2.363 pessoas (mais 25 do que na quarta-feira). Em cuidados intensivos estão 320 pessoas (menos cinco).
O boletim refere ainda que as autoridades de saúde têm em vigilância 67.442 contactos, mais 1.876 em relação a quarta-feira, e que foram dados como recuperados nas últimas 24 horas 2.507 doentes.
Desde o início da pandemia em Portugal já recuperaram da doença 91.453 pessoas.
É o segundo pior dia da pandemia em mortes, depois das 59 registadas na quarta-feira e igualando o registo de segunda-feira
A região Norte é a que regista o maior número de novos casos tendo sido reportados 2.580 nas últimas 24 horas, totalizando 75.455 e 1.223 mortos desde o início da pandemia.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo foram notificados mais 1.124 novos casos de infeção, contabilizando 64.374 casos e 1.077 mortes.
Na região Centro registaram-se mais 509 casos, contabilizando 14.369 infeções e 341 mortos.
No Alentejo foram registados mais 87 novos casos de covid-19, totalizando 3.118 e 54 mortos.
A região do Algarve tem hoje notificados mais 97 casos de infeção, somando 3.129 casos e 29 mortos desde o início da pandemia.
Na Região Autónoma dos Açores foram registados seis novos caso nas últimas 24 horas, somando 394 infeções detetadas e 15 mortos desde o início da pandemia.
A Madeira registou sete casos nas últimas 24 horas, contabilizando 511 infeções e um óbito.
É também o pior dia em número de casos, se excluirmos os 7497 casos de quarta-feira, que incluíram notificações em atraso, o valor apenas é superado pelos 4656 de 30 de outubro
Os casos confirmados distribuem-se por todas as faixas etárias, situando-se entre os 20 e os 59 anos o registo de maior número de infeções.
O novo coronavírus já infetou em Portugal pelo menos 73.166 homens e 88.184 mulheres, de acordo com os casos declarados.
Do total de vítimas mortais, 1.401 eram homens e 1.339 mulheres.
O maior número de óbitos continua a concentrar-se nas pessoas com mais de 80 anos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 48,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Sobre os casos por concelho, a DGS deixou esta segunda-feira (dia 2 de novembro de 2020) de os divulgar. Recorda-se que eram atualizados só às segundas-feiras.
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Informação incompleta sobre os casos Covid-19
Ao que o POSTAL apurou, o total de casos confirmados Covid-19 elevava-se a 2879 (DGS apresenta hoje 3.129), com 36 falecimentos a lamentar (DGS contabiliza 29).
À data de domingo, dia 1 de novembro, os concelhos de Loulé, Albufeira e Faro apresentavam o maior número de casos confirmados.
Quanto aos casos ativos e de recuperados por concelho, os dados estão incompletos e estão no gráfico assinalados com * nos concelhos em que não há acesso à informação.
Estes dados baseiam-se nas informações disponíveis da Entidade Regional de Saúde do Algarve e das autarquias algarvias que disponibilizam essa informação.
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País deve estar preparado para o momento de recuperação da pandemia
O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse hoje que o país tem de estar preparado para o momento da recuperação da pandemia, sustentando que o Orçamento deve olhar para o futuro próximo, o que o OE2021 consegue.
Falando na sessão de encerramento da 16.ª Conferência Anual da Ordem dos Economistas sobre o Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), Mário Centeno defendeu a necessidade de manter “o país preparado para o dia em que se inicie, de facto, a eliminação da crise pandémica”, o que acredita que acontecerá num “momento próximo”, sustentando que o orçamento “deve olhar para o futuro próximo”.
Este objetivo, sublinhou, é conseguido com a proposta inicial de OE2021 “ao centrar as medidas orçamentais em instrumentos temporários e flexíveis, que podem ser estendidos, modulados, adaptados ao desenvolvimento da crise sanitária”.
Restauração e alojamento com “quebras dramáticas” de 60% e 90% na faturação
As empresas da restauração e alojamento registaram, em outubro, “quebras dramáticas de faturação” de 60% e 90%, respetivamente, segundo um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), hoje divulgado.
No setor da restauração e bebidas, mais de 43% das empresas inquiridas registaram quebras homólogas de faturação acima dos 60% e, segundo a AHRESP, 41% daquelas empresas ponderam avançar para insolvência.
Quanto ao alojamento turístico, mais de 36% das empresas reportaram quebras de faturação acima dos 90% em outubro, comparativamente ao mesmo período do ano passado, e cerca de 19% das empresas deste setor ponderam pedir insolvência.
Ainda no alojamento, 23% das empresas inquiridas disseram não ter registado qualquer ocupação no mês em análise e 30% indicou uma ocupação máxima de 10%.
Para o mês de novembro, cerca de 50% das empresas do setor do alojamento estimam uma taxa de ocupação de 0% e mais de 24% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%.
A expectativa piora para os meses de dezembro e janeiro, com mais de 57% das empresas a esperar uma taxa de ocupação de 0%.
Ao nível do emprego, 47% das empresas de restauração e 27% das empresas de alojamento indicaram que já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia, alertou a AHRESP.
Na restauração, 27% das empresas que já despediram trabalhadores reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50%, e 14% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo.
Ainda neste setor, cerca de 23% das empresas assumiram que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano.
Por sua vez, no alojamento turístico 24% das empresas que despediram reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50%, e cerca de 30% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho.
Mais de 15% das empresas de alojamento turístico inquiridas admitiram que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano.
Para a AHRESP, os resultados “confirmam o desespero das empresas e demonstram enormes dificuldades em conseguir manter os negócios e os postos de trabalho, caso não surjam apoios imediatos”, advertindo, ainda, que “a insolvência e os despedimentos são inevitáveis”.
Perante estes números, a associação apresentou um programa de emergência com mais medidas de apoio ao setor, “que acolhem alguns exemplos de outros países europeus” e “procuram contribuir para a sobrevivência de muitas das 119 mil empresas e dos 400 mil postos de trabalho diretos”.
“A AHRESP considera que, com as novas restrições em grande parte do território português, o funcionamento das atividades económicas será necessariamente agravado, sendo por isso ainda mais urgente a disponibilização de medidas para estes setores”, apontou.
No dia em que o primeiro-ministro, António Costa, esteve a ouvir todos os partidos com representação parlamentar para procurar um consenso para a adoção de medidas imediatas de combate à pandemia de covid-19, em 30 de outubro, a associação já tinha defendido que “entre outras medidas, é fundamental que o regime de ‘lay-off’ simplificado seja estendido para todo o ano de 2021, com acesso simples e direto por parte das empresas, sem estarem dependentes de níveis de quebra de faturação”.
“Também os sócios gerentes devem ser considerados para efeitos deste apoio, na mesma medida dos trabalhadores”, referiu a AHRESP, vincando ainda que os estabelecimentos de restauração, bebidas e alojamento “têm sido exemplares” no cumprimento das regras e “não são” considerados locais de risco de contágio.
Pedidos de moratórias superam 812 mil até setembro
Os pedidos à banca de moratórias de crédito no âmbito da pandemia superaram 812 mil até final de setembro, tendo sido aceites 93%, sobretudo de créditos à habitação e outros créditos hipotecários, informou hoje o Banco de Portugal (BdP).
“Até 30 de setembro, data em que terminou o prazo para os clientes bancários solicitarem o acesso à moratória pública, os pedidos de adesão a moratórias de crédito abrangeram 812.214 contratos. Até essa data, as instituições aplicaram as medidas de apoio previstas nas moratórias de crédito a 751.725 contratos, correspondendo os restantes 60.489 contratos a situações que estavam ainda em apreciação ou que não preencheram as condições de acesso”, refere o BdP.
Num comunicado sobre a evolução das moratórias implementadas no âmbito da pandemia de covid-19, o banco central precisa que “42% eram contratos de crédito à habitação e outros créditos hipotecários (317.606)”.
Segundo o supervisor bancário, “foram ainda aplicadas medidas de apoio a contratos de crédito aos consumidores (217.787) e a contratos de crédito celebrados com empresas, empresários em nome individual (ENI) e outros (216.332)”.
O Banco de Portugal revelou ainda que, em 30 de setembro de 2020, “os contratos de crédito celebrados com consumidores (famílias) representavam a maioria das operações de crédito que beneficiaram das moratórias (71%), sendo as demais operações relativas a empréstimos concedidos a empresas, ENI e outros (29%)”.
As moratórias de crédito (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19.
Em setembro, o Governo decidiu prolongar as moratórias por mais seis meses, de 31 de março de 2021 para 30 de setembro de 2021.
Além da moratória pública, há ainda as moratórias privadas, da Associação Portuguesa de Bancos (APB), da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) e da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Estas aplicam-se aos contratos de crédito que não beneficiam da moratória pública, caso dos contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito ao consumo com finalidade educação, uma vez que estes já são cobertos pela moratória pública), crédito automóvel e cartões de crédito.
SNS sem folga para uma pandemia da dimensão da atual
A Sociedade de Medicina Interna advertiu hoje que o Serviço Nacional de Saúde não tem folga para uma pandemia da dimensão da atual, defendendo que o Estado deve recorrer aos privados para evitar mais atrasos nos doentes não-covid-19.
“Não se consegue fazer cirurgia programada, fazer exames de rastreio, todas as situações desse género e, ao mesmo tempo, ter camas suficientes para tratar os doentes covid e não covid”, afirmou em entrevista à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), João Araújo Correia.
O médico internista adiantou que existe “um défice enorme de camas”, exemplificando: “se na altura de uma gripe normal, os serviços de medicina invadem os serviços de cirurgia e têm cerca de 30% de camas a mais, imagine-se numa pandemia”.
Agora, sustentou, “com uma taxa de ocupação das camas de cerca de 90% no global, não há folga que permita acomodar uma pandemia desta dimensão”.
Para João Araújo Correia, a “pandemia deve ser uma obrigação e uma necessidade” de se tratar no Serviço Nacional de Saúde, mas “claramente não tem espaço para tudo”.
“É evidente que não podemos deixar de fazer a via verde AVC, as trombectomias, o trauma, a cirurgia de urgência. É evidente que isso não pode fechar nos grandes hospitais”, mas, acrescentou: “não podemos ter camas para colonoscopias ou para fazer exames ou para fazer cirurgias programadas que se devem fazer no seu tempo certo, porque às vezes até podem comprometer as situações. Mas isso pode fazer-se no setor privado”.
No seu entender, “os doentes covid graves ou moderadamente graves têm que ser tratados nos hospitais do SNS”, mas lembrou que até antes da pandemia houve uma redução contínua de camas. O país tem metade das camas existentes por 100 mil habitantes na Alemanha, por exemplo, e “bastante menos do que a média da Europa”.
Portanto, tem de se assumir que não há camas suficientes para todos, reiterou, defendendo ser urgente recorrer ao setor privado para que “não haja mais atrasos nos doentes não-covid”.
O especialista sugeriu que equipas médicas dos hospitais públicos que perderem as suas camas para “o esforço covid” e que ficaram como menos trabalho poderiam ir operar ao privado e haver “uma espécie de aluguer do espaço”.
“Isso é que me parece que seria inovador, e seria realmente imaginativo e uma verdadeira cooperação entre os dois setores, porque eu acho que realmente é preciso chegar à conclusão de que todas as camas são precisas do setor público e do setor privado”, defendeu.
“Vamos libertar as camas dos hospitais [do SNS] para que realmente a gente possa tratar o melhor possível de uma pandemia avassaladora que todos ansiamos que chegue o pico, mas não sabemos quando é que o pico chega e quando é que realmente a curva começa a achatar”, apelou.
Para o especialista, a comunicação tem de ser verdadeira: “as pessoas têm de entender que, de facto, nós não temos capacidade para tudo, não porque tenhamos um Sistema Nacional de Saúde fraco, pelo contrário, temos um Sistema Nacional de saúde fortíssimo, muito melhor que a maior parte dos países (…) mas não temos folga”, lamentou.
António Araújo Correia disse ainda que “a pandemia também levantou claramente a noção de que os privados em grande parte são edifícios”, às vezes com muitas camas, mas que não têm pessoal próprio, nomeadamente médicos e enfermeiros.
“O pessoal é o mesmo, médicos e enfermeiros que pululam e que saltitam entre o privado e o público e isto dá-se muito conta nas pandemias e não devia ser assim”, lamentou.
Grécia regressa ao confinamento a partir de sábado
A Grécia vai regressar ao confinamento no sábado de manhã e durante três semanas, anunciou hoje o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis numa videoconferência, sublinhando a necessidade de conter a segunda vaga da pandemia que atinge o país.
“Foi uma decisão difícil”, mas “as medidas devem ser tomadas durante três semanas para vencer a segunda vaga” do coronavírus, indicou Mitsotakis, segundo o qual os gregos só poderão sair de casa depois de serem autorizados a fazê-lo através de uma mensagem de texto recebida no telemóvel.
O confinamento deve começar às 06:00 locais (04:00 em Lisboa) de sábado. Apenas as “lojas essenciais”, incluindo supermercados e farmácias, ficarão abertas, disse o chefe do Governo.
Para sair de casa, será necessário indicar o motivo e o horário por SMS e obter autorização das autoridades pela mesma via.
Ao contrário do que aconteceu durante o primeiro confinamento imposto durante seis semanas no final de março, “as creches e escolas primárias continuarão abertas”, indicou Mitsotakis.
Para os restantes alunos recomeçará o ensino à distância. Os universitários já se encontram nessa modalidade.
O novo confinamento acontece numa altura em que o número de mortos e de infetados pelo novo coronavírus aumenta diariamente.
Nas últimas 24 horas registaram-se 2.646 casos e 18 mortes ligadas à covid-19, significativamente acima dos valores diários da semana passada.
Mas é sobretudo o número de doentes nos cuidados intensivos que preocupa as autoridades devido à capacidade do sistema de saúde: os intubados duplicaram num mês, passando de 82 pessoas em 04 de outubro para 169 na quarta-feira.
“Nos últimos cinco dias assistimos a um aumento perigoso do número de mortos e da ocupação de (camas) em cuidados intensivos”, disse o primeiro-ministro, justificando a tomada da decisão neste momento.
No total, a Grécia conta com 673 mortos e quase 47.000 infetados.
UE/Previsões: Metade dos países só recupera totalmente da pandemia em 2023
Quase metade dos Estados-membros da União Europeia (UE) não vai conseguir recuperar totalmente a economia dos efeitos da covid-19 até final de 2022, sendo que países dependentes do turismo, como Portugal, devem demorar mais, estima a Comissão Europeia.
“Quase metade dos nossos Estados-membros não deverão recuperar o seu Produto Interno Bruto [PIB] a níveis anteriores à pandemia até ao final de 2022”, declarou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, na apresentação das previsões macroeconómicas de outono do executivo comunitário.
Segundo o responsável, esta estimativa “reflete a diferença na gravidade da pandemia e o rigor das medidas de contenção relacionadas”, mas também “diferenças nas respostas políticas internas e nas estruturas económicas”.
“Espera-se, inclusivamente, que os países com grandes setores de turismo demorem mais tempo a alcançar uma recuperação total”, acrescentou Paolo Gentiloni.
A Comissão Europeia reviu hoje em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da pandemia da covid-19, estimando agora que só recupere 4,2% após uma contração de 7,8% este ano.
Nas suas previsões económicas de outono, hoje publicadas, Bruxelas melhora ligeiramente as projeções macroeconómicas para este ano, antecipando agora um recuo do PIB na ordem dos 7,8% no espaço da moeda única – o que continua a ser um recorde negativo -, quando em julho, nas previsões intercalares de verão, apontava para uma queda de 8,7%.
Para o conjunto dos 27 Estados-membros, a Comissão também melhora em nove décimas a previsão de julho passado, antecipando agora um recuo de 7,4% este ano, contra 8,3% no verão.
Paolo Gentiloni explicou à imprensa que, para chegar a estas previsões, o executivo comunitário assumiu que “algum grau de medidas de contenção permanecerá em vigor ao longo do horizonte de previsão”, isto é, até 2022.
“Isto explica o caminho mais lento da recuperação”, realçou o comissário europeu, recordando que, “após um aperto significativo no quarto trimestre de 2020”, com a introdução de novas medidas de contenção como confinamentos mais ligeiros e encerramento de estabelecimentos, é esperado que “o rigor das medidas diminua gradualmente em 2021”.
Insistindo que “não é fácil ter sólidas previsões numa situação tão incerta”, Paolo Gentiloni deu como certo que “a pandemia causou a recessão mais profunda da história da UE no primeiro semestre de 2020, ultrapassando a que se verificou na grande crise financeira”.
“Esta contração, que foi desigual entre os Estados-membros, foi seguida de uma forte recuperação no terceiro trimestre, uma vez que as medidas de contenção foram atenuadas”, acrescentou o responsável, notando que, nas últimas semanas, “a retoma foi interrompida” devido ao ressurgimento das infeções.
Mas ainda antes desta segunda vaga da covid-19, a Comissão Europeia verificou que “certas partes da indústria, como a construção e comércio a retalho recuperaram vigorosamente durante o verão, impulsionados por uma forte procura reprimida”, de acordo com Paolo Gentiloni.
Porém, o mesmo não aconteceu nos serviços que dependem de contactos de pessoa a pessoa, cujo níveis de atividade “têm permanecido mais fracos, uma vez que as medidas de contenção têm permanecido em vigor, afetando a procura e a oferta de serviços que envolvem, por exemplo, viagens, turismo, restaurantes e entretenimento”, adiantou o comissário europeu.
Portugal é um dos países europeus mais dependentes do setor do turismo, que tem vindo a pesar cada vez mais na economia nacional, representando quase 15% do PIB e 9% do emprego.
Paris reforça medidas de confinamento
Os restaurantes com venda para fora e supermercados vão ser obrigados a fechar a partir das 22:00 na capital francesa anunciou hoje a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo.
“Quando certas pessoas não jogam o jogo e põem em perigo a saúde de muita gente, aí é preciso mais restrições”, indicou esta manhã Anne Hidalgo, em entrevista à televisão BFMTV, denunciando que muitos estabelecimentos abertos durante a noite são ponto de encontro para parisienses, mesmo durante este segundo período de confinamento.
Assim, o prefeito de polícia, Didier Lallement, decidiu agravar as medidas restritivas na capital e obteve o acordo da autarca.
Após o decreto da prefeitura, que deverá ser publicado esta tarde, restaurantes com venda para fora e entregas, assim como supermercados normalmente abertos durante a noite, devem passar a fechar às 22:00.
O decreto vai ainda precisar se esta nova regra se aplica a mais estabelecimentos com atendimento ao público, embora o novo período de confinamento que teve início no dia 30 de outubro em toda a França, já imponha fortes restrições a diferentes setores.
No início da semana, alguns membros do Governo chegaram mesmo a anunciar um recolher obrigatório na região de Paris, para além do confinamento em vigor. No entanto, o gabinete do primeiro-ministro, Jean Castex, veio desmentir esta possibilidade.
Ainda esta quinta-feira, o ministro da Saúde, Olivier Véran, vai fazer um ponto de situação sobre a evolução da covid-19 no país.
Cientistas usam dados e inteligência artificial para combater pandemia
Três projetos de investigação de combate à covid-19 com recurso à ciência de dados e inteligência artificial receberam financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de mais de 700 mil euros, foi hoje anunciado.
Três dos 12 projetos financiados pela FCT, no âmbito do concurso “AI 4 Covid-19: Ciência dos Dados e Inteligência Artificial na Administração Pública para reforçar o combate à covid-19 e futuras pandemias – 2020”, são liderados por investigadores da Universidade de Coimbra (UC), afirma esta instituição, numa nota enviada hoje à agência Lusa.
Os três projetos são “VIRHOSTAI – Descoberta do interatoma vírus-hospedeiro: uma abordagem guiada por inteligência artificial e dados multi-ómicos”, “Lung@ICU – Ferramentas avançadas para diagnóstico e prognóstico em pneumologia @ Cuidados intensivos” e “Um Sistema de documentação de interface entre necessidades clínicas e de ciências dos dados para enfrentar o desafio da covid”.
Liderado por Irina de Sousa Moreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), o projeto “VIRHOSTAI” visa o desenvolvimento de uma plataforma inovadora capaz de propor novas terapias especificamente desenhadas para o tratamento da covid-19.
No contexto atual, salienta a investigadora, “é imprescindível uma identificação célere e fidedigna dos alvos terapêuticos e candidatos a fármacos para que apenas os melhores avancem para ensaios pré-clínicos e clínicos”.
Para isso, sustenta, “é fundamental maximizar o aproveitamento do enorme volume de dados gerado durante o combate mundial à pandemia e dos mais recentes avanços em tecnologias computacionais inteligentes para acelerar e otimizar a procura por soluções terapêuticas de difícil obtenção com metodologias tradicionais”.
A investigação, que obteve 240 mil euros de financiamento, vai ser desenvolvida em parceria com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento em Lisboa (INESC-ID) e a Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento (IST-ID) da Universidade de Lisboa.
Já o projeto Lung@ICU, coordenado por Paulo de Carvalho, do Laboratório de Informática Médica do Centro de Informática e Sistemas da UC, pretende criar um conjunto integrado de ferramentas de diagnóstico e prognóstico baseado em inteligência artificial, com base em auscultação remota de som torácico e tomografia por impedância elétrica.
Dispondo do apoio de 238 mil euros, este projeto procura responder essencialmente a “três grandes desafios enfrentados nos atuais ambientes hospitalares para combater doenças pandémicas”, designadamente “dificuldades no diagnóstico e avaliação adequada dos pacientes com covid-19, escassez de profissionais treinados em pneumologia e unidades de cuidados intensivos e necessidade de ferramentas de apoio à decisão adequadas para o diagnóstico e prognóstico preciso da evolução da doença”.
O terceiro projeto financiado pela FCT – “Um sistema de documentação de interface entre necessidades clínicas e de ciências dos dados para enfrentar o desafio da covid” – é liderado por Miguel Castelo-Branco, investigador do Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (Cibit) e obteve um financiamento de 239 mil euros.
Esta investigação “centra-se em gerar uma ferramenta de data science e apoio à decisão a nível hospitalar e desenvolver uma linha de teleapoio e neuroreabilitação à distância, que mitigue a dificuldade em organizar respostas”.
Este tipo de ferramentas é crítico numa fase em que é necessário dar resposta ao tremendo impacto da covid, afirma, citado pela UC, Miguel Castelo-Branco, sublinhando que se pretende desenvolver “um sistema de fácil utilização e manutenção, com diversas funcionalidades que visam a melhoria dos registos clínicos eletrónicos e apoio à investigação e decisão clínica, no contexto da atual pandemia”.
O projeto irá disponibilizar uma “ferramenta de investigação clínica, fundamental no apoio à tomada de decisões clínicas complexas, no contexto da covid”, com enfoque em doenças do neurodesenvolvimento e crónicas do adulto, como a diabetes.
Perto de 1,4 milhões de pessoas em Portugal são cuidadores informais
O número de cuidadores informais em Portugal deverá rondar os 1,4 milhões de pessoas, impulsionado durante a pandemia por causa do fecho de respostas sociais, revela um inquérito nacional segundo o qual estas pessoas deveriam ter mais direitos.
O inquérito é da responsabilidade do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais e os resultados são apresentados hoje, em Lisboa, no decorrer do Encontro Nacional de Cuidadores Informais, quando se assinala o Dia do Cuidador Informal.
Em declarações à agência Lusa, uma responsável da Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI), que integra o movimento, destacou como um dos principais resultados do inquérito o facto de este ter demonstrado que o número de cuidadores informais em Portugal é mais elevado do que os 8% a 10% que se estimava, consequência da pandemia.
“Neste momento, e segundo os resultados do inquérito, este número duplicou e eu julgo que isto tem a ver realmente com o fecho das respostas sociais. Havendo este fecho e esta falta de respostas, o número de cuidadores realmente exacerbou”, apontou Nélida Aguiar.
No inquérito participaram 1.800 pessoas, cerca de metade (52%) das quais afirmou conhecer algum cuidador informal, sendo que 14% afirmou ser o próprio cuidador, enquanto 44,5% disse ser um familiar e outros 26,5% amigos ou conhecidos (23%).
Quase um terço dos inquiridos (28,5%) é ou já foi cuidador informal e 78,5% descreve a função como dar apoio ao doente a tempo inteiro.
“Parece que muitos dos cuidadores informais não têm qualquer tipo de laço familiar com a pessoa de quem cuidam e isso mostra uma realidade que não foi vista, por exemplo, no Estatuto do Cuidador Informal, que apenas reconhece cuidador alguém com laços familiares”, realçou a responsável, membro da direção da ANCI.
O inquérito procurou demonstrar o conhecimento que a população tem do cuidador informal, mas faz também um retrato destas pessoas, que são sobretudo mulheres (64%), com idade entre os 25 e os 54 anos (69,5%), que se tornam cuidadores informais a tempo inteiro.
“Aqueles que eram cuidadores ocasionais deixaram de o ser e passaram a ser cuidadores a tempo inteiro e, mais uma vez, devido ao fecho das respostas sociais que eventualmente existissem, após o confinamento”, apontou Nélida Aguiar.
A responsável diz mesmo que os direitos destas pessoas “não foram de forma nenhuma acautelados”, apontando que durante a pandemia, os cuidadores informais tiveram de enfrentar “ainda mais dificuldades” e sentiram-se “mais esquecidos”, tendo sido essa uma das razões que levou à criação do movimento “Cuidar dos Cuidadores”, que junta já “muitas dezenas de associações” de doentes.
“Todos sabemos que existem milhares de cuidadores em Portugal e têm muito poucos apoios, apesar de enfrentarem enormes desafios, não só económicos, sociais, emocionais, e a verdade é que o estatuto não veio dar resposta a estes problemas”, apontou.
A falta de apoio é, aliás, bastante clara para a quase totalidade dos inquiridos, já que 97,5% defende mais apoios para estas pessoas, sendo que 85,5% entende que deveriam ser apoios financeiros, 71% quer mais apoio ao nível da prestação de cuidados, 68,5% pede apoio laboral, 64% apoio psicológico e 49% apoio legal.
Nélida Aguiar defende que a pandemia não pode ser usada para continuar a atrasar todos os processos burocráticos e sublinha que mesmo antes do aparecimento da covid-19 o estatuto do cuidador informal já não respondia a todas as necessidades e que deveria, por isso, ser revisto.
“Com a pandemia, com a ausência das medidas de apoio, com a falta de acesso aos recursos existentes, com o encerramento das respostas sociais, isso vem demonstrar a imperativa necessidade de implementação de medidas de apoio reais e proteção dos cuidadores”, apontou, acrescentando que se trata de “um grande grupo de pobreza e exclusão social”.
Para a responsável, é, por isso, “imperioso” que sejam identificadas todas as dificuldades, desde o acesso à saúde, o acompanhamento de doentes que dependem de terceiros, a falta de resposta por parte da Rede Nacional de Cuidados Continuados ou a falta de cuidados ao domicílio.
África com mais 301 mortes e um total de 1.827.034 infetados
O continente africano registou nas últimas 24 horas mais 301 mortes devido à covid-19, aumentando para 43.913 o total de vítimas mortais pelo novo coronavírus, que já infetou 1.827.034 pessoas na região, segundo dados oficiais.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nos 55 Estados-membros da organização registaram-se nas últimas 24 horas mais 13.969 casos de covid-19.
O número de recuperados é agora de 1.492.904, mais 8.862 do que na véspera.
O maior número de casos de infeção e de mortes regista-se na África Austral, com 814.309 infeções e 21.075 mortes por covid-19. Nesta região, a África do Sul, o país mais afetado do continente, contabiliza um total de 730.548 casos de infeção e 19.585 mortes.
O norte de África, a segunda zona mais afetada pela pandemia, regista um total de 538.651 pessoas infetadas e 14.848 mortos e na África Oriental há 220.948 infetados e 4.052 vítimas mortais.
Na região da África Ocidental, o número de infeções é de 192.144, com 2.783 vítimas mortais, e a África Central regista 60.983 casos e 1.155 óbitos.
O Egito, que é o segundo país africano com mais vítimas mortais, a seguir à África do Sul, regista 6.318 mortos e 108.329 infetados, seguindo-se Marrocos, que contabiliza 3.982 vítimas mortais e 235.310 casos de infeção.
A Argélia surge logo a seguir, com 59.527 infeções e 1.999 mortos.
Entre os seis países mais afetados estão também a Etiópia, que regista 97.881 casos de infeção e 1.503 vítimas mortais, e a Nigéria, com 63.328 infetados e 1.155 mortos.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, Angola lidera em número de mortos e Moçambique tem o maior número de casos.
Angola regista 296 óbitos e 11.813 casos, seguindo-se Cabo Verde (95 mortos e 9.053 casos), Moçambique (95 mortos e 13.283 casos), Guiné Equatorial (83 mortos e 5.089 casos), Guiné-Bissau (42 mortos e 2.414 casos) e São Tomé e Príncipe (16 mortos e 958 casos).