O Turismo do Algarve e os municípios da região estão a promover programas para captar cicloturistas, sobretudo na época baixa, mas ainda faltam condições de segurança nas estradas, alertou a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta.
Segundo dados fornecidos à Lusa pela GNR, nos últimos seis meses morreram na Estrada Nacional 125 (EN 125, que atravessa a região) dois utilizadores de bicicleta, ao quilómetro 111, entre Faro e Olhão. Um deles morreu há duas semanas, tendo sido registados, entre Abril do ano passado e Abril deste ano, só naquela estrada, 20 acidentes de viação envolvendo velocípedes.
“Não conseguimos captar mais cicloturistas porque ainda há falta de condições”, referiu José Caetano, presidente da federação, que tem 35 mil associados, sublinhando que começam a surgir no Algarve algumas obras no terreno para melhorar a segurança dos utilizadores de bicicletas nas estradas, mas “muito timidamente”.
Falta de fiscalização às novas regras do Código da Estrada
Segundo o responsável, outro dos problemas é a falta de fiscalização das autoridades relativamente às novas regras do Código da Estrada, que, entre outras medidas de protecção relativamente aos ciclistas, estipulam que os automobilistas devem manter uma distância lateral, no mínimo, de 1,5 metros dos velocípedes.
“Os turistas acham, em relação ao país e ao Algarve, concretamente em relação à EN 125, que andar de bicicleta é como entrar numa roleta russa”, observou José Caetano, acrescentando que recebe muitas reclamações de cicloturistas, sobretudo relativamente à EN 125, que se queixam de que os automobilistas não cumprem a distância de segurança.
Questionada pela Lusa, fonte da Rotas do Algarve Litoral (RAL), subconcessionária responsável pela requalificação da EN125, disse que, no âmbito da empreitada, “estão a ser tomadas medidas para aumentar a segurança rodoviária”, mas esclareceu não estar prevista a “criação adicional de vias cicláveis”.
Segundo a mesma fonte, a largura das bermas nos troços daquela estrada que estão a ser intervencionados será de 2,5 metros, estando ainda prevista a colocação de sinalização vertical, de código e de orientação, sinalização horizontal e a instalação de equipamentos de segurança, nomeadamente guardas de segurança, rígidas e flexíveis.
Na região, que compreende o distrito de Faro, já existem alguns exemplos de infra-estruturas dedicadas à circulação de ciclistas e peões, como em Vilamoura, ligada por uma rede de ciclovias, e em São Brás de Alportel, onde, em Janeiro foi inaugurada uma rede de passeios acessíveis numa extensão de 5,2 quilómetros.
Algarve tem condições para captar cicloturistas
Segundo o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, o Algarve tem mais de 50 percursos para percorrer de bicicleta que “estão a ser trabalhados, no litoral, barrocal e serra”, estando já identificados 44 percursos.
“O Algarve tem condições para vir a captar muita gente que faz da bicicleta o seu ‘hobby’, mas os percursos estão muito no barrocal e na serra, que são zonas que queremos potenciar associadas ao turismo gastronómico e de natureza”, afirmou, salientando que a utilização da EN 125 por ciclistas deve acontecer apenas em situações “muito pontuais”, dada a perigosidade da estrada.
Entre Olhão e Faro existe um projecto para a construção de uma ciclovia, a sul da estrada nacional, em pleno Parque Natural da Ria Formosa, numa extensão aproximada de oito quilómetros.
O presidente da Câmara de Olhão, António Pina, disse à Lusa que a ciclovia deverá ser construída em simultâneo com uma nova estação de tratamento de águas residuais projectada para aquele local pela Águas do Algarve.
Também um dos principais acessos a Quarteira, que liga a cidade à sede do concelho, Loulé, e à EN125, entrou recentemente em obras para se tornar numa avenida urbana, empreitada que deve estar pronta no verão e que prevê a criação de uma faixa para bicicletas.
A Comunidade Intermunicipal do Algarve (lançou, há cerca de dez anos, um projecto de ciclovias para ligar toda a região, mas apenas estão construídos pequenos troços, sem ligação entre si.
(Agência Lusa)